Título: Dólar forte reduz relação entre dívida e PIB
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 01/10/2008, Economia, p. 29

BRASÍLIA. A alta do dólar frente ao real, pelo menos a curto prazo, vai ajudar um dos principais indicadores econômicos do país: a relação dívida pública/Produto Interno Bruto (PIB), importante para mostrar o grau de solvência da economia. Segundo projeção do Banco Central (BC), esse índice deve fechar setembro em 38,9%, igualando-se ao patamar de dezembro de 1998. As contas consideram que o dólar vai fechar o mês a R$1,90.

Em agosto, a relação dívida/PIB ficou em 40,5%, abaixo dos 40,8% de julho e o melhor índice desde o fim de 1998. Ao todo, o passivo era de R$1,183 trilhão. A influência positiva do câmbio se dá porque o Brasil é credor em dólares, ou seja, tem mais ativos que passivos em moeda estrangeira.

- Hoje, a economia brasileira, do ponto de vista fiscal, não se encontra mais exposta a essas flutuações bruscas na taxa de câmbio - afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Apesar da melhora pontual, a projeção do BC para a dívida/PIB é de 40,8% no fim do ano. Neste caso, o BC levou em conta a projeção do mercado de que o câmbio vai voltar a R$1,70 até o fim de 2008. Além disso, a influência do IGP-DI pesa contra, já que tende a perder força.

Os gastos com juros somaram R$12,527 bilhões em agosto, 33,29% a menos do que em julho (R$18,777 bilhões). Mesmo assim, o superávit primário do setor público, que ficou em R$10,184 bilhões em agosto, não foi suficiente para cobrir os juros. No ano, a economia que o país faz para pagar juros acumula R$108,409 bilhões, mais que o saldo em todo o ano de 2007. Com isso, o déficit nominal no mês passado era de R$2,343 bilhões, ou R$10,921 bilhões no ano.

Em agosto, o governo central (governo federal, Banco Central e INSS) contribuiu com superávit primário de R$7,253 bilhões, abaixo dos R$7,774 bilhões de julho. (Patricia Duarte)