Título: Aplicações em dólar, as mais rentáveis no mês
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 01/10/2008, Economia, p. 33

Moeda encerrou setembro com alta de 16,45%, a maior em 6 anos. Renda fixa volta a ter ganho acima da inflação

Felipe Frisch

Pelo segundo mês seguido, o dólar liderou o ranking de rentabilidade das aplicações financeiras. Em setembro, a moeda acumulou alta de 16,45%, sua maior valorização mensal desde setembro de 2002, quando subiu 24,92%, em meio ao nervosismo que antecedeu as eleições presidenciais. Os fundos cambiais renderam 13,53% no mês. Na contramão, como era de se esperar após o agravamento da crise no setor bancário americano, as piores aplicações foram as ligadas ao mercado de ações.

A Bolsa de Valores de São Paulo acumulou queda de 11,02% no mês, o pior resultado desde abril de 2004. Em compensação, as aplicações conservadoras foram destaque. Os tradicionais fundos DI, que acompanham a taxa básica de juros (Selic, em 13,75% ao ano), renderam 0,87% em setembro, até o dia 24, último dado disponível da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).

Com isso, os fundos voltam a concorrer com a inflação, mesmo a medida pelo IGP-M, que tem sido mais alta. No ano, estão empatados com a inflação em 8,47%, mas a tendência é ultrapassarem o índice com os dados do mês fechado. Isso significa que as aplicações voltam a ter ganho real. Para o administrador de investimentos Fabio Colombo, se o mercado continuar nervoso, esses fundos tendem a ser melhores do que a Bolsa no resto do ano.

Para quem se anima com as altas do dólar, o coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas, William Eid Júnior, alerta:

¿ Dólar não é aplicação, só vale para quem está com dinheiro contado para viajar.

Com o agravamento da crise financeira, a corrida de investidores tem sido por aplicações conservadoras, como os CDBs ¿ títulos emitidos pelos bancos que também acompanham a Selic ¿, reconhece o superintendente de investimentos do Banco Real, Eduardo Jurcevic.

Desde julho do ano passado, quando a crise começou a se espalhar, esses títulos receberam R$207 bilhões em aplicações, R$19,7 bilhões apenas em setembro, até dia 19, mais do que qualquer outra no período. O estrategista da Way Investimentos, Alexandre Espírito Santo, recomenda aproveitar a onda dos CDBs, com bancos pagando boas taxas, dadas as dificuldades para captar recursos no mercado.