Título: Aliados de Alckmin se queixam de abandono
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 02/10/2008, O País, p. 12

Deixe o Serra sossegado", diz tucano sobre a ausência do governador na campanha.

SÃO PAULO. Aliados de Geraldo Alckmin (PSDB) dizem que o candidato tucano foi vítima de traições de antigos companheiros e temem que o partido promova sua "chacina política" em São Paulo, no domingo. O tucano está cada vez mais isolado pelos líderes nacionais, como o governador José Serra, e por grupos do PSDB que apóiam o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Os presidentes dos diretórios tucanos nacional, estadual e municipal divulgaram ontem uma nota de apoio a Alckmin, mas, a quatro dias das eleições, alckmistas consideraram o documento um tanto tardio.

A nota enviada à imprensa ontem pelo presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, e pelos presidentes dos diretórios do estado e do município, Antonio Carlos Mendes Thame e José Henrique Reis Lobo, respectivamente, afirma que a direção do partido, "bem como o governador José Serra, fizeram esforço extraordinário para que o PSDB e o DEM se mantivessem aliados nas eleições para a prefeitura de São Paulo, o que não foi possível". O documento diz que o partido "não esperava que alguns filiados, contrariando o que foi decidido em convenção, viessem a manifestar seu apoio ao candidato do DEM".

Carta critica infiéis, mas não pede punição para eles

"Esse procedimento é recriminado pela direção do partido, que renova seu integral apoio à candidatura de Geraldo Alckmin e insiste para que todos se concentrem na campanha do candidato tucano", continua a nota oficial do PSDB - que, no entanto, não fala em punição dos infiéis.

O documento teria circulado pela cúpula tucana por duas semanas antes de ser divulgado. O deputado José Aníbal, líder do PSDB na Câmara, afirmou que a nota é importante:

- Reafirma que a decisão do partido foi a de ter candidato e que todos deveriam respeitar a convenção.

O deputado admitiu, no entanto, que falta participação do PSBD na campanha.

- A campanha poderia ter mais apoio, poderia haver mais manifestação do partido. Mas não é o fator crucial. O tempo de TV, o custo das campanhas do PT, do DEM, isso é uma barbaridade- apontou o tucano.

Aníbal não opinou sobre o comportamento do governador José Serra, que não participou da campanha tucana.

- Serra poderia ter sido mais enfático? Fez o que achou que deveria ter feito. Não vou julgar.

Nas caminhadas pela rua ontem, Alckmin, perguntado se esperava algum aceno de Serra na etapa final da campanha, afirmou:

- Temos de entender as circunstâncias do Serra. Deixe o Serra sossegado.

O deputado Edson Aparecido, coordenador da campanha de Alckmin, criticou o partido:

- Alckmin não tem problema com o DEM, foi o primeiro político que levou o partido para dentro do governo de São Paulo em 2002. A posição do DEM foi absolutamente legítima de disputar a eleição. O problema é uma parte do PSDB ter se acovardado. O PSDB tem sido empurrado para os grotões.