Título: Para MP, grampo contra Gilmar foi feito no Senado
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 02/10/2008, O País, p. 15

É investigada também possível escuta na operadora de celular.

BRASÍLIA. O Ministério Público Federal investiga a possibilidade de a conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ter sido grampeada a partir da central telefônica do Senado. A tese ganhou força depois da conclusão de perícias nos equipamentos de Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Senado. Está praticamente descartada a possibilidade de o grampo ter sido feito com maletas de gravação.

Os autos do inquérito sobre o grampo, conduzido pelos delegados Rômulo Berredo e William Morad, devem chegar hoje à Justiça Federal. Os dois delegados pediram a prorrogação das investigações. Segundo o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, será necessário aprofundar a apuração. A outra possibilidade é que o grampo tenha sido feito na operadora de celular de Gilmar Mendes. Mas, pelas informações obtidas até agora, o Ministério Público considera mais provável que o grampo tenha surgido a partir de uma guerra entre empresas interessadas na disputa pela presidência do Senado. A briga pelo comando da Casa mexe com o milionário mercado de prestação de serviços no Congresso.

Uma varredura foi feita pela Polícia do Senado no sistema de telefonia da Casa, não indicando a existência de grampos nos telefones dos gabinetes dos senadores. Mas a PF decidiu fazer laudos próprios.

Ontem, Gilmar Mendes pediu à Procuradoria Geral da República que investigue a divulgação de informações sobre um suposto encontro entre assessores dele e advogados do banqueiro Daniel Dantas. Gilmar disse que o encontro não existiu, e pediu que o Ministério Público descubra os responsáveis pela divulgação das informações falsas.