Título: À espera, Bovespa sobe 0,52%
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 02/10/2008, Economia, p. 27

Dólar sobe 1,1% e vai a R$1,925. Bolsa de NY recua 0,18%.

RIO, BRASÍLIA e NOVA YORK. Na expectativa da votação do plano de resgate ao sistema financeiro pelo Senado americano, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operou em compasso de espera, com investidores evitando assumir grandes posições. O índice Ibovespa, o principal do mercado, subiu 0,52%, com volume financeiro de R$5,071 bilhões. Pressionado por operações no mercado futuro, o dólar subiu 1,10%, para R$1,925. Na Ásia e na Europa, as bolsas subiram pela mesma razão. Nos EUA, a perspectiva de aprovação do pacote ofuscou os dados ruins da economia americana, levando o índice Dow Jones a fechar com queda de apenas 0,18%. O Nasdaq recuou 1,08%, com perdas dos papéis de empresas de tecnologia.

A Bovespa chegou a cair 3,83%, assim que saíram dados sobre a produção manufatureira nos EUA. O indicador recuou para 43,5 em setembro, contra 49,9 em agosto. Como números abaixo de 50 mostram enfraquecimento da economia, o resultado acenou com a possibilidade de o país entrar em recessão. Mais tarde, declarações de senadores americanos de que o plano iria passar levaram as bolsas a uma recuperação.

- A sensação agora é que alguma medida será tomada. Se vai precisar mudar o plano ou se ele não será suficiente são discussões para o dia seguinte - diz Fábio Cardoso, da consultoria Adinvest.

Crise faz Brasil perder US$3,5 bi em 15 dias

A maior alta do Ibovespa foi das ações preferenciais (PN) da Gol, que subiram 9,2%, devido à queda do petróleo. O leve americano fechou em baixa de 2,1%, a US$98,53 o barril, com o aumento dos estoques do combustível nos EUA. Em Londres, o barril do tipo Brent fechou a US$95,33 (-2,89%). Os papéis da Sadia tiveram alta de 8,5%, depois de queda acentuada na semana passada, de quase 50%, com a divulgação de perdas em operações de derivativos de câmbio.

A crise financeira mundial levou o Brasil a perder, entre os dias 1º e 26 passados, US$3,507 bilhões pelo fluxo financeiro, que contabiliza os movimentos de câmbio com investimentos em ações, títulos, remessas de lucros e dividendos, entre outros. Apesar disso, setembro deve fechar com perdas financeiras menores que as de junho e julho (pouco mais de US$5 bilhões cada). Mesmo com as saídas financeiras, o fluxo cambial total do país estava positivo no mês em US$2,749 bilhões, impulsionado pelo fluxo comercial, com saldo positivo de US$6,256 bilhões. O valor era o melhor, considerando meses fechados, desde abril (US$8,427 bilhões).

(*) Com agências internacionais