Título: Marta usa discurso de pobres contra ricos
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 03/10/2008, O País, p. 10
"Somos um time que trabalha com as pessoas que têm menos".
SÃO PAULO. Certa de que estará no segundo turno, a candidata do PT à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, adotou a linguagem do futebol, como gosta de fazer o presidente Lula, para dizer que a próxima etapa das eleições será entre dois times muito diferentes. Segundo ela, o seu time defende as "pessoas mais carentes", enquanto o outro time, DEM/PSDB, "põe o superávit da prefeitura no mercado financeiro, sem aplicar em serviços públicos".
- O mais importante é que vai ficar muito claro que os times têm propostas diferentes. Nós somos um time que trabalha com as pessoas que têm menos, investe nas pessoas mais carentes e faz melhorar a qualidade de vida das pessoas mais pobres. E o outro time tem o dinheiro no banco e usa o dinheiro no mercado financeiro. As pessoas vão ter mais clareza disso no segundo turno - disse a petista, após uma caminhada ontem à tarde em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo.
No começo do dia, pouco antes das 7h, Marta fez um minicomício, no último dia permitido pela legislação eleitoral para esses eventos, na porta de duas fábricas na Zona Sul. Ela cumprimentou trabalhadores e, do alto de um caminhão de som, fez um alerta:
- Não votem em propaganda colorida da televisão. Tem muita gente que vota levianamente - discursou, atacando indiretamente o candidato do DEM, o prefeito Gilberto Kassab.
Em Sapopemba, onde foi recebida por militantes e moradores, Marta insistiu no argumento de que São Paulo "tem times muito diferentes":
- O eleitorado está dividido em dois campos, e não é só porque nós temos duas candidaturas no segundo turno. São Paulo é dividida em dois times. E eu espero que o time que necessita mais do serviço público, que é mais carente, saiba o time que trabalha para ele. E o time é 13.
Esta semana o PT paulistano começou a elaborar as estratégias de mobilização para o segundo turno. Uma das apostas é a ida de Lula à capital paulista. Outra é a possibilidade de vereadores eleitos atuarem na campanha do segundo turno como coordenadores regionais, utilizando a estrutura de trabalho montada por eles em suas bases.
Indagada se acordará no domingo tranqüila ou preocupada, Marta respondeu com bom humor:
- A única tranqüila vou ser eu.
Marta disse ter ficado sabendo, por assessores, que as críticas dos adversários contra ela foram "muito pesadas", mas que assim mesmo manteve uma "campanha muito tranqüila".
- Sei que teve coisas muito pesadas. Mas eu não escutei. Foi muito bom não ter escutado o que eles falaram. Eu simplesmente fui fazendo as minhas propostas. Então, não tenho comentários sobre a campanha deles. A nossa é uma campanha tranqüila - disse.