Título: Bancos pedem mais que os US$700 bilhões
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 03/10/2008, Economia, p. 34

Maiores banqueiros do mundo sugerem que valor apenas limpará o cofre e querem mais dinheiro para reabrir crédito.

WASHINGTON. Os maiores banqueiros do mundo, boa parte deles beneficiária direta do pacote do governo dos EUA, fizeram ontem duas sugestões que consideram essenciais para lidar com a atual crise. A primeira é a de que, depois de limparem seus cofres - retirando deles os títulos podres das dívidas hipotecárias - o governo lhes dê mais dinheiro para que possam reabrir suas linhas de crédito. A participação de fundos soberanos, segundo eles, também seria bem-vinda.

O segundo pedido é que a solução da crise seja pensada de forma multilateral, com a participação de outros bancos centrais, para evitar o surgimento de novos desastres financeiros. Eles querem a criação de um novo "conselho global de coordenação de regulações", tendo o Fundo Monetário Internacional (FMI) como o seu controlador ou "xerife".

O próprio Institute of International Finance (IIF), entidade formada pelos 380 maiores bancos do mundo, deverá lançar em breve o Grupo de Monitoração do Mercado, que tratará, em cooperação com órgãos governamentais, de detectar num estágio antecipado "a emergência de vulnerabilidades que tenham implicações sistêmicas e identificar desenvolvimentos que podem levar a grandes tensões em todo o sistema".

- Respostas sistêmicas, coordenadas internacionalmente pelas autoridades, são essenciais neste estágio para estabilizar os mercados financeiros, requerendo ainda grande uso, ainda que temporário, de fundos governamentais - disse Charles Dallara, diretor-gerente do IIF.

Ele falou logo depois de revelar o teor de uma carta que os banqueiros entregaram ontem ao FMI e aos ministros de Finanças que fazem parte do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), do próprio Fundo, e que é liderado pelos países do G-7, que reúne os mais industrializados.

Dallara revelou as pretensões dos banqueiros, entre elas uma participação maior dos países emergentes na estruturação de fórmulas para se evitarem crises. Na carta, os banqueiros chegaram a exigir a ampliação do G-7, de forma a incluir, como seus membros permanentes, alguns países emergentes.

Empréstimos do Fed somam US$410 bilhões

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) informou ontem que liberou ao todo US$410 bilhões a bancos, empresas negociadoras de títulos e à seguradora American International Group (AIG) desde o dia 19 de setembro, quando abriu novas linhas de financiamento de redesconto.

O montante inclui US$49,5 bilhões para bancos comerciais e US$146,6 bilhões para negociadores de títulos, ambos das linhas de redesconto, mais US$152,1 bilhões de uma linha de emergência. Do empréstimo de US$85 bilhões aprovado para a AIG, US$61,2 bilhões já foram desembolsados.