Título: Correa afirma que seu desejo é que Odebrecht não volte ao Equador
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Fonte: O Globo, 03/10/2008, Economia, p. 36

Presidente, no entanto, ainda não decidiu sobre proposta da empresa.

QUITO e SÃO PAULO. O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou ontem que ainda não tomou decisão sobre a proposta que a construtora brasileira Odebrecht apresentou para solucionar as divergências com o país, mas disse que seu desejo é que a empresa não volte ao país.

- Ainda estamos analisando muito seriamente se mantemos a expulsão. Basicamente estamos analisando as questões técnicas, jurídicas e econômicas, mas a princípio minha vontade e meu desejo são que não voltem ao país - disse Correa.

Segundo o presidente, o Equador não quer relações com "empresas que desrespeitaram demais o país e que, apenas com um ato firme, como é a expulsão, reconhecem o que é o Estado equatoriano".

Depósito de US$43 milhões como garantia

Na quarta-feira, o presidente do Equador havia afirmado que não tivera tempo de ler a carta com a proposta da empresa, que havia sido enviada na semana passada.

A Odebrecht prevê o pagamento por reparações na hidrelétrica San Francisco - pivô da crise entre a empresa e o Equador -, com a destinação de US$43 milhões a um fiel depositário para multas e compensações, no caso de a empresa ser declarada responsável pelos problemas que provocaram o fechamento da usina. O caso passaria pela avaliação de um perito internacional independente.

A hidrelétrica, fechada desde junho, exigiu investimentos de US$338 milhões e foi planejada para produzir 12% da energia elétrica consumida no Equador. No dia 23 de setembro, o Equador ordenou a intervenção nos ativos da Odebrecht no Equador, colocando as obras nas mãos de militares, e impediu a saída de alguns diretores do país.

A Odebrecht não quis comentar as declarações de Correa, dizendo que não recebeu qualquer comunicação oficial.