Título: O carioca vota, tropas vigiam
Autor: Mascarenhas, Gabriel
Fonte: O Globo, 04/10/2008, O País, p. 3

Militares estarão em 258 pontos de votação do Estado do Rio, com 5.600 homens.

Apresença de Eduardo Paes, candidato do PMDB a prefeito do Rio, já estaria garantida no segundo turno, segundo as pesquisas, e a cidade espera a votação para saber quem o enfrentará, Fernando Gabeira (PV) ou Marcelo Crivella (PRB). Enquanto os candidatos a prefeito botam seus militantes nas ruas, outras tropas estarão de plantão para garantir a segurança das eleições. Pela primeira vez, elas chegaram antes do dia da votação no Rio, por causa das ameaças de currais de milícias e de traficantes ao processo eleitoral.

Amanhã, quando mais de 4,5 milhões de eleitores vão às urnas no Rio para escolher o sucessor do prefeito Cesar Maia (DEM), as Forças Armadas vão ocupar áreas próximas a 258 seções de votação, incluindo algumas fora da capital. Em 28 favelas da cidade do Rio, de Caxias e de São Gonçalo, serão 90 pontos de votação com a presença dos militares; e, em Campos, 168. Ao todo, 5.600 soldados participarão da última etapa da Operação Guanabara, que começou em 11 de setembro, com o objetivo de garantir o direito de ir e vir de eleitores e candidatos nas áreas controladas por traficantes e milicianos.

- Essa fase é ainda mais simples que a primeira. Acredito que não faremos nada, pois só a nossa presença é suficiente para inibir crimes eleitorais. Mesmo não sendo uma determinação, vamos ficar a pelo menos cem metros dos pontos de votação. Não estamos aqui para desempenhar papel de polícia - explicou o porta-voz da Operação Guanabara, coronel André Luiz Novaes.

Juiz pede ao eleitor voto consciente

O coordenador estadual da Fiscalização de Propaganda Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), juiz Luiz Márcio Pereira, fez um apelo aos eleitores e disse que não gostaria que esta eleição entrasse para a História como a dos fichas-sujas.

- Agora a situação está com os eleitores. Imagino e espero que tenha havido um amadurecimento por parte do eleitorado, que não vai ceder às pressões, pois sabe que o seu voto é inviolável - disse ele, em defesa do voto livre.

Sobre a ação da fiscalização no período de campanha, o juiz concluiu:

- Quero acreditar na coragem do povo brasileiro e tenho a consciência limpa de que, apesar das limitações, fizemos tudo para que o processo eleitoral transcorresse em paz.

Cada ponto de votação contará com um efetivo de 15 a 30 militares, que se revezarão em dois turnos. Do contingente total, 4.800 homens são do Exército e 800 da Marinha. Além das Forças Armadas, 27 mil policiais militares de 12 batalhões trabalharão nas zonas eleitorais do estado. Com o objetivo de coibir a boca-de-urna e a compra de votos, dez equipes de fiscais do TRE vão percorrer todas as regiões da capital.

Bairros como Bangu, Campo Grande, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá, todos na Zona Oeste, considerada área de currais eleitorais, serão monitorados por um comboio de quatro fiscais do TRE e pelo menos três policiais, cada um. Policiais federais darão apoio aos agentes do tribunal, percorrendo a cidade.

Boca-de-urna será inibida pelo TRE

O aparato de segurança foi montado devido às sucessivas denúncias contra candidatos a vereador que, apoiados por traficantes e milicianos, ameaçam eleitores de comunidades carentes para que votem neles. Segundo o TRE, amanhã haverá pelo menos dez operações para coibir compra de votos e a boca-de-urna, todas desencadeadas a partir de denúncias recebidas pela Justiça Eleitoral.

oglobo.com.br/pais/eleicoes2008