Título: Gabeira percorre mais de cem quilômetros num dia
Autor: Magalhães, Luiz Ernesto; Borges, Waleska
Fonte: O Globo, 04/10/2008, O Paísa, p. 9

Jandira faz carreta e diz apostar no voto dos indecisos.

Na antevéspera da eleição, o candidato a prefeito Fernando Gabeira (PV) percorreu um longo trajeto para pedir votos. Começou o dia na Barra, com corretores das maiores imobiliárias do Rio, e acabou cumprimentando uma multidão na Central do Brasil, num roteiro de quase cem quilômetros que incluiu Copacabana e Cinelândia - além de um intervalo para passar em casa e descansar um pouco. A indefinição se o candidato - terceiro colocado nas pesquisas - conseguirá ou não chegar ao segundo turno parece não abalá-lo. No Barrashopping, em meio ao corpo a corpo, aproveitava para olhar vitrines, principalmente sapatarias. Comprou o livro "A promessa da política", de Hannah Arendt. Depois do almoço, encontrou tempo para gravar na Praia do Pepê um vídeo em que saudava os surfistas e que vai para o YouTube.

- Estamos em clima de primeiro turno lutando para chegar lá voto a voto. A discussão sobre aliança começa após a divulgação do resultado.

Gabeira disse que, se passar ao segundo turno, não pretende deixar a campanha servir de confronto com partidos da base do presidente Lula. PT e PDT anteciparam que não pretendem apoiá-lo porque o PSDB participa de sua coligação:

- Parto de uma análise muito clara da situação e dos problemas que o Rio enfrenta. E essa realidade não foi alterada. Ver isso como um confronto entre PT e PSDB é uma visão muito limitada. A lógica da minha campanha é discutir como conseguiremos sair dessa crise. Infelizmente as pessoas não vêem a cidade mas lutas partidárias.

Segundo ele, todos os apoios serão bem-vindos, inclusive para formar uma futura equipe, se eleito. Perguntado sobre os critérios para compor a equipe, disse que podem ser quadros da prefeitura, da iniciativa privada e até dos partidos, desde que tenham capacidade técnica e ficha limpa. E acenou que, assim, os nomes podem ser de partidos que só o apoiarem no segundo turno ou até da oposição.

Jandira diz que é a única que pode derrotar Crivella

Na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, Gabeira atraiu dezenas de simpatizantes. O trânsito ficou tumultuado. Uma das responsáveis foi uma mulher que, ignorando as buzinas, parou o carro no meio fio e desceu para abraçá-lo. Na Central, mais beijos e abraços. Jandira Feghali (PCdoB) apostou no voto dos indecisos para ir ao segundo turno. Ontem pela manhã, ela fez carreata pela Ilha do Governador, na Zona Norte. À tarde, em Jacarepaguá.

- A eleição está mais atípica pela falta do debate na TV e pela confusão que se fez em todo o processo de comunicação da campanha, quando tentaram igualar os candidatos. Isso não é real. Muitos falam que a eleição está decidida, mas não está.

Jandira, com os candidatos a vereador Carlos Aldyr (PTN) e Gino Mandriola (PCdoB), era seguida por cerca de 30 carros. No trajeto, discursou, chamou as mulheres para votar, acenou a garis e foi saudada por pessoas que seguravam bandeiras de Eduardo Paes (PMDB). Ela reafirmou que a candidatura de Gabeira na Zona Oeste é "ficção".

- Estão tentando transformar o Gabeira em anti-Crivella. Isso é uma ficção. Na área popular, Gabeira não existe. Se há uma campanha que pode derrotar Crivella é a minha, porque tenho voto onde ele tem. Isso não é fala do desespero. Estou muito tranqüila, energizada,animada e convencida da nossa vaga no segundo turno.