Título: É Gabeira ou Crivella contra Paes
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 05/10/2008, O País, p. 3

No Datafolha, candidato do PV está à frente; no Ibope, o do PRB tem vantagem.

Atendência de crescimento do candidato do PV, Fernando Gabeira, se consolidou na véspera da eleição, acirrando ainda mais a disputa por uma vaga no segundo turno. Duas pesquisas divulgadas ontem pela TV Globo mostram a evolução: no Datafolha, pela primeira vez, Gabeira está na frente de Marcelo Crivella (PRB). O candidato do PV tem 20% dos votos válidos (excluindo os nulos, em branco, e eleitores indecisos). Já Crivella tem 19%. No Ibope, Gabeira aparece com 19% contra 21% de Crivella. Em ambos os casos, há empate técnico. Nos dois institutos, Eduardo Paes (PMDB) lidera: 33% dos votos válidos no Datafolha, e 35% no Ibope.

Ao incluir os votos em branco e nulos e os indecisos na análise da pesquisa Datafolha, o candidato do PV cresceu um ponto percentual em relação à consulta divulgada no último dia 1º : de 17% para 18%. Crivella caiu de 19% para 17%; e Paes foi de 29% para 30%. A mesma análise feita no Ibope mostra que Gabeira cresceu sete pontos percentuais, de 10% para 17% (em relação à pesquisa do sábado retrasado), enquanto Crivella caiu de 24% para 19%. Eduardo Paes aparece com 31% dos votos gerais no Ibope.

O Ibope fez a pesquisa de quinta-feira a ontem, por encomenda da TV Globo e do "Estado de S.Paulo". O Datafolha, na sexta e ontem, para a Rede Globo e a "Folha de S.Paulo". Pelo Ibope, contando-se apenas os votos válidos, Jandira Feghali (PCdoB) fica com 11%, e Alessandro Molon (PT), com 5%. A candidata do prefeito Cesar Maia, Solange Amaral, ficou atrás de Molon, com apenas 4%. Chico Alencar (PSOL) tem 2%, e Paulo Ramos (PDT), 1%. No Datafolha, os percentuais são semelhantes: Jandira tem 13%; Molon, 5%; Solange, 4%; Chico, 3%; e Paulo Ramos, 2%.

Novas estratégias para o segundo turno

A apertada disputa pelo segundo lugar injetou incerteza entre os estrategistas da campanha dos três e inspirou ações de última hora para a corrida que recomeça amanhã. À frente, Paes prepara-se para enfrentar artilharia pesada, caso o adversário seja Crivella - disposto a radicalizar na tentativa de identificar o adversário como candidato dos ricos. Nesse caso, Paes vai intensificar a defesa da ordem urbana.

Contra Crivella, a polarização ficaria mais nítida, avalia a campanha do peemedebista. Já se o adversário for Gabeira, o desafio da campanha de Paes é enfrentar o que os aliados do peemedebista chamam de "mito Gabeira" - que viveu o ápice da popularidade ao enfrentar o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. O peemedebista aposta na adesão do presidente Lula: a presença do PSDB na chapa que apóia o deputado verde levaria, espera Paes, à nacionalização. Tudo o que Gabeira não quer.

A tarefa de atrair Lula não é simples para Paes. Adversários políticos até o ano passado, quando o agora peemedebista era tucano, os dois não conversaram uma única vez na campanha. Petistas ligados ao presidente afirmam que o governador Sérgio Cabral tem sido eficiente na tentativa de quebrar resistências de Lula. Mas, caso o adversário seja Crivella, o presidente tenderá a abraçar a campanha do aliado do PRB.

Tanto Paes como Gabeira já identificaram os pontos fracos um do outro: o do primeiro, a dificuldade de se apropriar do discurso da ética sem explicar por que hoje é aliado do PT, partido-alvo da CPI dos Correios, da qual foi relator; o do segundo, a inexperiência administrativa. Gabeira deve intensificar o debate sobre segurança pública, para fazer Paes se posicionar sobre a política de segurança de Cabral.