Título: Após a eleição, a volta aos quartéis
Autor: Werneck, Antônio e Goulart, Gustavo
Fonte: O Globo, 05/10/2008, Rio, p. 33

Militares suspenderão a ocupação de bairros e favelas em áreas de conflito.

Quando a última urna fechar hoje e os primeiros votos começarem a ser contados, uma pergunta vai rondar a cabeça dos cariocas: como os criminosos vão reagir ao fim das ocupações militares e à volta aos quartéis das Forças Armadas? Nas últimas duas semanas, a pedido do Tribunal Regional Eleitoral, cerca de três mil homens do Exército e da Marinha ocuparam favelas e bairros onde traficantes e milicianos travam uma guerra. Era o que o governador Sérgio Cabral sempre reivindicou para cobrir o déficit de policiais nas ruas.

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), os números de roubos a transeuntes aumentaram 17% de janeiro a junho deste ano no Estado do Rio de Janeiro, em comparação com o primeiro semestre de 2007. Foram 33.300 casos de roubos a transeuntes registrados em 2008, contra 28.453 no ano passado. Na comparação de junho deste ano com o mesmo período de 2007, o aumento foi de 9,2%: 5.080 casos, em 2007, e 5.548, em 2008. No entanto, em relação a maio e junho deste ano, houve diminuição de 155 registros. No mês de maio foram registrados 5.703 casos, contra 5.548 em junho.

O aumento dos roubos a pedestres é uma das modalidades de crimes que mais preocupam a Secretaria de Segurança. Preocupam também moradores do Rio, como Paula, de 25 anos, formada em relações internacionais. Moradora da Zona Sul, ela contou que nunca havia sofrido um assalto ou mesmo presenciado um caso de roubo na vida. Em uma semana, tudo mudou: viu um assalto a caminho do Maracanã; um dos seus primos foi roubado; e, na sexta-feira passada, ela própria entrou para a estatística, porque teve sua câmera digital levada por dois ladrões na Lagoa.

- Quero esquecer esta semana. Para uma pessoa nascida e criada no Rio, que nunca havia assistido uma cena violenta, foi uma semana complicada - disse Paula, que preferiu omitir seu sobrenome.