Título: Contra máquina, outra máquina na BA
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 08/10/2008, O País, p. 11

Petista pede empenho da cúpula para enfrentar prefeito aliado de Geddel.

SALVADOR. Os candidatos que disputam o segundo turno das eleições na capital baiana, Walter Pinheiro (PT) e o prefeito João Henrique (PMDB), passaram o primeiro dia de retomada da campanha trancados com suas equipes para redefinir estratégias para os próximos 15 dias nas ruas e na TV. Pinheiro mandou, por meio de um representante da campanha, um recado à executiva do PT, reunida em Brasília: para vencer a superestrutura da máquina municipal e federal comandada pelo ministro peemedebista Geddel Vieira Lima em favor de seu adversário, é preciso um real empenho da cúpula, principalmente em termos financeiros.

Do setor privado, o petista já começou a receber sinais de que a ajuda pode ser facilitada neste segundo turno. Ele já se reuniu com representantes de vários setores de micro e pequenas empresas e da indústria têxtil. Mas reforça que o partido precisa fazer o que não fez na primeira fase da campanha:

- No primeiro turno, o PT nacional foi muito complicado. Publicaram uma nota nos jornais dizendo que Salvador era prioridade, mas eu não recebi nada de prioridade. Do outro lado (do prefeito) vem chumbo grosso, a campanha vai ser muito mais cara. Espero que tenha mais gente querendo ajudar.

PMDB pede a Lula para ficar afastado e explora ausência

Do outro lado, além da máquina e do empenho pessoal de Geddel, o candidato-prefeito ainda vai explorar a ausência do presidente Lula do palanque de Pinheiro - exigência, aliás, do próprio PMDB baiano, que não aceita sequer a presença da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em Salvador, com a alegação de que ela não é baiana, e Geddel, sim.

- Já mostramos a relação difícil de Pinheiro com o presidente no primeiro turno. O eleitor já percebeu que o presidente prefere minha candidatura e não gostou nada que o PT lançasse candidato aqui. Minha estratégia é mostrar que já tenho uma parceria bem-sucedida com Lula. E Pinheiro não tem, quer parar tudo que estamos fazendo e começar do zero - disse João Henrique.

Geddel disse que a estratégia não muda:

- Vamos para rua, mobilizando vereadores eleitos e mostrando o que foi feito na administração com a parceria do presidente Lula. Na TV, vamos mostrar tudo que foi feito, e posso também aparecer, como já apareci no primeiro turno. Por que não apareceria?

Pinheiro faz questão de dizer que suas diferenças com o presidente Lula se deram no campo das idéias - em algumas votações no Congresso e no auge do escândalo do mensalão.

- Tenho contribuído muito com o governo no Congresso. Foi sob minha liderança que, pela primeira vez em dez anos, o Orçamento foi aprovado no prazo. Ajudei na aprovação do projeto da TV pública, na inclusão digital. Meu enfrentamento com Lula foi no campo político. E assumo as conseqüências de meus erros e acertos.