Título: Oposição perde espaço para base no Nordeste
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 08/10/2008, O País, p. 11

PT, PSB e PDT duplicam número de prefeituras na região, onde DEM perdeu, mas PSDB mantém liderança no Sudeste

BRASÍLIA. As perdas e ganhos dos partidos nas eleições de domingo não aconteceram de forma homogênea. A nova geografia partidária nas prefeituras mostra que houve forte redistribuição de poder no Nordeste a favor dos aliados ao governo federal, com os três partidos de oposição, PSDB, DEM e PPS, sofrendo grandes perdas. No Sudeste, que tem maior densidade eleitoral, as oscilações foram mais discretas, com vantagem para a oposição.

No Nordeste, o vazio deixado pelo DEM - que ficou 63% menor ao perder 262 prefeituras - foi ocupado principalmente por PT, PSB e PDT, que duplicaram o número de municípios sob seus comandos na região. O PMDB, que cresceu no Nordeste, mas em menor proporção, destacou-se no Norte, onde duplicou o número de prefeituras, enquanto o PSDB se reduziu à metade.

Já no Sudeste, o PSDB manteve a liderança: 381 prefeituras, 28 a mais que 2004. Na região o PT avançou pouco, de 157 para 185, e o PMDB perdeu 43 cidades. Foram contabilizadas as vitórias para os dez maiores partidos nos primeiros turnos de 2004 e 2008.

O Sudeste foi a única região onde o PMDB perdeu - aumentou em 95% o número de prefeituras no Norte, 25% no Nordeste, 51% no Centro-Oeste e 5% no Sul. No Sudeste, o recuo aconteceu com a perda de 10 cidades no Rio, 20 em São Paulo e 23 em Minas, em relação a 2004. A perda no Estado do Rio contrariou a tendência nacional de os partidos se fortalecerem onde têm governadores - havia expectativa de que Sérgio Cabral puxaria votos para o PMDB.

PSB aumentou em 308% número de prefeituras em PE

A perda do DEM no Nordeste foi a mais aguda do novo mapa do poder. O partido, forte oposição ao governo Lula, foi dos 415 prefeitos eleitos em 2004 para 153, queda de 63%. Já o PSB, cresceu em todos os estados do Nordeste, especialmente Pernambuco, onde o governador Eduardo Campos aumentou em 308% o número de prefeituras, de 12 para 49. A exceção do PSB foi Alagoas, onde a perda foi maior, de 22 para 5 cidades.

No Sul, o PT cresceu em quase um terço, chegando a 125 prefeituras. Mas foi, de novo, o PSB que registrou o maior crescimento na região, 63%.

O PP, partido que investiu na marca do PAC das Cidades, do ministro Márcio Fortes, oscilou para baixo em todas as regiões menos o Centro-Oeste. No Sudeste, ficou com 13 prefeituras a menos que 2004. O PDT perdeu 30% (44) das cidades gaúchas, mas teve avanço notável no Nordeste - de 54 para 122 prefeituras. No Maranhão, governado pelo partido, com Jackson Lago, o aumento foi de 550%, de 10 para 65 cidades.