Título: Governo dará mais crédito a ruralistas
Autor: Doca,Geralda ; Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 08/10/2008, Economia, p. 27

Executivo elevará compulsório para o setor em até 5 pontos percentuais.

BRASÍLIA. Depois dos bancos e dos exportadores, o Executivo costura agora um pacote para a agricultura. O governo aumentará entre 3 e 5 pontos percentuais o montante do compulsório bancário destinado ao crédito rural, liberando até R$6 bilhões adicionais nos próximos dias ao setor. Além disso, permitirá, muito provavelmente, que as grandes tradings (como Bunge, Cargill etc.) tenham acesso ao financiamento que o Banco Central (BC) passará a conceder aos bancos privados domésticos visando à concessão de capital de giro às exportações.

Também fará parte do conjunto de medidas - que o governo evita classificar como pacote - a liberação de mais R$500 milhões do Tesouro Nacional para investimento (compra de equipamentos) e custeio na lavoura. O objetivo das ações é garantir o plantio da safra de grãos (sobretudo de soja e milho), que vai de outubro ao início de dezembro, e evitar que ocorra um novo choque agrícola.

- É provável que isso seja resolvido nos próximos dias, até porque o forte do plantio está se dando agora - disse ao GLOBO o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Com as novas medidas, o governo vai mais que dobrar os valores destinados à agricultura, devido ao acirramento da crise. Na semana passada, foram anunciados R$6,350 bilhões ao setor, considerando a antecipação de recursos do plano safra pelo Banco do Brasil (BB), o repasse de R$1 bilhão às cooperativas agropecuárias e mais R$350 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para os pequenos produtores.

Segundo uma fonte da equipe econômica, o governo quer evitar reviver os problemas que levaram à disparada da inflação em 2008, provocando a retomada da alta dos juros e perda do poder aquisitivo, cujo aumento, sobretudo nas classes mais baixas, nos últimos anos é uma das bandeiras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O agravamento da crise tem mobilizado técnicos do governo, que se reúnem diariamente para tratar do assunto. Stephanes admitiu, porém, que a crise impedirá a ampliação da área plantada.