Título: Paes só exclui Cesar Maia de alianças
Autor: Bruno, Cássio; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 06/10/2008, O País, p. 4

Candidato elogia Jandira, Molon e Crivella; Cabral tentará quebrar resistência do presidente Lula ao peemedebista.

Em nome de uma união pelo Rio, e com discurso semelhante ao adversário no segundo turno, Fernando Gabeira (PV), o candidato do PMDB à prefeitura, Eduardo Paes, inicia hoje cedo uma maratona de conversas com os derrotados ontem. Na lista, estão o PCdoB de Jandira Feghali, a quem chamou de "mulher de fibra"; o PT de Alessandro Molon, a quem disse admirar; e até o PRB de Marcelo Crivella, com quem disse ter uma "excepcional relação". A única exceção ficou por conta do prefeito Cesar Maia, seu ex-padrinho político, com que descartou o diálogo.

- Chega de governar isolado, dialogando com o computador. Precisamos de um prefeito que não se omita. Queremos diálogos sem tensão. Portanto, vou procurar uma série de forças políticas, mas certamente o prefeito Cesar Maia não será uma delas - disse Paes ontem à noite, em seu comitê eleitoral, no Recreio dos Bandeirantes, após afirmar que procuraria "todas as forças políticas da cidade".

Elogios a Lula e críticas indiretas a Gabeira

Paes, repetindo o discurso de que é necessário o entendimento com os governos federal e estadual, lembrou que ele é o candidato da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa de sua campanha é a de que Lula embarque na campanha, já esta semana, contra Gabeira, apoiado pelos tucanos.

Ao comentar a posição em relação a Lula - de quem já foi adversário e contra quem fez acusações de corrupção, quando era relator adjunto da CPI dos Correios - foi enfático:

- Não mudei de lado. Hoje temos uma parceria que eu não via há muito tempo do governo do estado com o governo federal. O presidente Lula tem sido um parceiro do Rio de Janeiro.

Já inaugurando a estratégia programada para o confronto com Gabeira, Paes frisou a importância de conhecer a cidade e de ter tido experiência na gestão municipal. Sem citar o nome do adversário, afirmou que conhece cada canto do Rio e que não faz "turismo eleitoral".

- Quando caminho por esta cidade, quando vou à Zona Oeste, quando vou a Bangu, a Campo Grande não estou fazendo turismo eleitoral. Estou visitando lugares que já fui algumas vezes. Para mim não é surpresa visitar esses lugares. Tenho experiência administrativa. E é dessa maneira que vou continuar discutindo a eleição. Vamos discutir a cidade, o preparo para governá-la.

O governador Sérgio Cabral (PMDB) ajudará na articulação a favor de Paes, tentando quebrar a resistência do presidente Lula. Amanhã, Cabral receberá o presidente no Rio. Lula cumprirá agenda em Angra dos Reis e Macaé; mas a pauta também terá como tema o possível apoio político para a Paes.

- Teremos muito tempo para discutir isso no trajeto. No avião, no helicóptero, no carro e no almoço. Nunca deixamos de falar sobre política, sempre de maneira equilibrada, carinhosa e respeitosa. Então, é evidente que (o 2º turno) será um tema importante no dia 7 - afirmou o governador.

Cabral e Paes votaram de manhã. O candidato chegou em sua seção eleitoral, no Gávea Golf Club Country Club, em São Conrado, com a esposa Cristine, os pais e os filhos Isabela, de 2 anos, e Bernardo, de 4, por volta de 9h. Ele registrou o seu voto na cabine acompanhado dos filhos. Já Cabral votou na Escola Municipal Roma, em Copacabana, às 11h20m, com a mulher Adriana Ancelmo e com um adesivo de Paes colado na camisa do lado esquerdo do peito. Do lado de fora, dezenas de cabos eleitorais de Paes, Marcelo Crivella (PRB) e Jandira Feghali (PCdoB) agitavam bandeiras e distribuíam panfletos.

- A população entendeu a mensagem dele e as propostas de investir em áreas essenciais da cidade e em ser parceiro do governador e do presidente da República - disse Cabral.

À tarde, Cabral e Paes se encontraram no apartamento do governador, no Leblon, onde almoçaram. O vice-governador Luiz Fernando Pezão e o candidato a vice-prefeito Carlos Alberto Muniz também estiveram no local.