Título: Nas capitais, força da máquina garante a reeleição de prefeitos
Autor: Franco,Bernardo Mello ; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 06/10/2008, O País, p. 22

Treze dos 20 prefeitos em campanha venceram em 1º turno.

BRASÍLIA. A abertura das urnas reafirmou a força da reeleição na disputa pelo comando das capitais brasileiras. Dos 20 prefeitos que tentavam um novo mandato, 13 conseguiram vencer ontem, e os outros sete garantiram vaga no segundo turno. No bloco dos já reeleitos, o partido mais bem-sucedido foi o PT, com cinco vencedores. Em segundo lugar, ficaram PSDB, PMDB e PSB, que mantiveram no cargo dois prefeitos cada.

O poder da máquina e a boa avaliação popular do governo garantiram a alguns candidatos vitórias confortáveis, com mais de 70% dos votos válidos. Neste grupo, destacam-se os prefeitos de Curitiba, Beto Richa (PSDB); de Maceió, Cícero Almeida (PP); Goiânia, Iris Rezende (PMDB); Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB); João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB); e Teresina, Silvio Mendes (PSDB).

Também foram reeleitos ontem os prefeitos de Vitória, João Coser (PT); Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT); Palmas, Raul Filho (PT); Fortaleza, Luizianne Lins (PT); Boa Vista, Iradilson Sampaio (PSB); Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB); e Rio Branco, Raimundo Angelim (PT).

No fim da campanha, a força da reeleição impulsionou até prefeitos que patinavam nas pesquisas e ontem conseguiram garantir uma vaga no segundo turno. Foi o caso de Gilberto Kassab (DEM), que atropelou o ex-governador tucano Geraldo Alckmin em São Paulo e até a petista Marta Suplicy, e de João Henrique Carneiro (PMDB), que surpreendeu ao deixar de fora o herdeiro do carlismo, deputado ACM Neto (DEM).

Para analistas políticos, o bom momento da economia, que ainda não acusou os efeitos da crise internacional, tende a ajudar os políticos que estão no poder - mesmo que em partidos de oposição ao governo federal. O crescimento do PIB e a redução das taxas de desemprego ajudariam a explicar a aposta do eleitor na continuidade, avalia o professor da PUC-Rio Ricardo Ismael.

- Além de dispor da máquina administrativa, os prefeitos que têm boa avaliação popular contam com grande vantagem na disputa. As pesquisas mostram que, de forma geral, o brasileiro está satisfeito. Isso torna o eleitor menos crítico e mais tolerante com os políticos que estão no poder - afirma.

A vantagem de quem se candidata a reeleição é normal, diz Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília (UnB). Em sua opinião, isso demonstra que os eleitores tendem a associar as qualidades do governo ao político que disputa um segundo mandato e que pode concentrar uma quantidade maior de obras no período da campanha, respeitando a lei eleitoral.

- Não é uma deturpação do processo democrático fazer políticas públicas que agradem aos eleitores - avalia.

A opção pela continuidade também beneficiou políticos em capitais onde o prefeito não pôde se candidatar novamente. Foi o que aconteceu em Recife, onde o apoio de João Paulo, que exerce o segundo mandato, garantiu a vitória antecipada de João da Costa (PT). Onde a aprovação do prefeito é baixa, como no Rio, o efeito foi inverso: lançada por Cesar Maia, Solange Amaral amargou o sexto lugar, com menos de 4% dos votos válidos.