Título: Gabeira busca apoio além dos partidos
Autor: Lima, Ludmilla de; Menzezes, Maiá
Fonte: O Globo, 07/10/2008, O País, p. 3

Candidato do PV anuncia que vai passar dois dias por semana na Zona Oeste, dormindo na casa de assessores.

O candidato do PV a prefeito, Fernando Gabeira, pretende tentar conquistar o apoio do eleitorado de esquerda, mesmo que não consiga o apoio formal da cúpula desses partidos. Para estrategistas da campanha de Gabeira, os eleitores podem ser sensibilizados por líderes e personalidades partidárias, mesmo sem acordos formais.

- Não considero viável que PCdoB, PT e PSB me apóiem, mas há lideranças partidárias e os eleitores dos partidos, que vou procurar - disse Gabeira. - Minha visão não é de atacar o adversário. Não vou derrotar o adversário a qualquer preço. Tem horas que o adversário precisa apanhar, mas não sou eu que vou cuidar disso.

Gabeira, coligado com PSDB e PPS, anunciou que investirá na Zona Oeste, onde teve menos votos que sua média na cidade: passará dois dias por semana lá, dormindo na casa de pessoas da equipe que moram na região, para a qual será criada uma coordenação de campanha específica. Vai buscar o apoio da vereadora reeleita Lucinha (PSDB), a mais votada na cidade e com forte base na área. A primeira visita será à comunidade do Barbante, provavelmente neste fim de semana. Outra aposta de Gabeira será o programa eleitoral na TV.

O candidato terá o apoio de parte do DEM, que ontem decidiu recomendar voto no verde, mas está rachado. Gabeira também já marcou almoço com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) para amanhã, talvez com a presença do deputado Chico Alencar, candidato a prefeito derrotado no primeiro turno.

- Não tenho a menor dúvida de que, independentemente da orientação partidária, o eleitorado do PSOL vota no Gabeira - disse Freixo. - O eleitorado terá essa leitura, mas o partido não, em função das alianças.

O PV também vai procurar Alessandro Molon (PT), Jandira Feghali (PCdoB), o vereador reeleito Eliomar Coelho (PSOL), o ministro Carlos Minc e o prefeito reeleito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Ontem, Gabeira recebeu um telefonema do senador Eduardo Suplicy (PT):

- Ô, Eduardo, meu querido! Você é o decano da campanha em São Paulo. Nem o Maluf tem mais tempo de estrada. Parabéns para você também - disse Gabeira, que ficou de marcar um encontro com Suplicy.

O candidato afirmou que a frente que deseja formar pode incluir governistas e oposicionistas. Um dos coordenadores de campanha do PV, o vereador eleito Alfredo Sirkis, disse ter detectado pressões feitas pelo estado em seus aliados:

- Não vai ficar bem para as direções partidárias se eles rigidamente fecharem questão com o Paes. Por outro lado, se entende que, ao participarem do governo do estado, estão submetidos a certos condicionamentos do governador. Eles terão que arranjar uma fórmula para não se desvincular, mas também dar liberdade a algumas lideranças.

Sobre o apoio de Cesar Maia, Gabeira foi cauteloso:

- Todos os apoios são bem-vindos, desde que se respeitem as regras estabelecidas de que não haverá ocupação partidária da máquina municipal. Cesar Maia pode nos dar um pouco da sua experiência e da sua memória.

Segundo Sirkis, é importante sinalizar que o ciclo Cesar Maia se encerrou:

- Com o DEM, temos que seguir uma política com vereadores bem eleitos, visando a esse eleitorado. Um acordo formal seria mal visto.

Gabeira disse que a presença de Lula em palanques no Rio "é uma preocupação só da imprensa, não dos eleitores". Perguntado se ele seria prejudicado por uma nacionalização da campanha por Paes, Gabeira disse que, se o rival fizer isso, "será pior para ele", pois os eleitores querem candidatos comprometidos com questões locais.

Antes do fim da apuração, mas com o segundo turno entre Gabeira e Paes já definido, o vice da chapa do senador Marcelo Crivella (PRB), Jimmy Pereira, ligou para um interlocutor do PV, segundo Sirkis. Disse querer uma conversa porque Paes já estaria procurando o senador.

- Foi uma gargalhada geral no partido. Aposto que eles estavam doidos para ser procurados para valorizar o cacife deles e chegar no Eduardo para negociar cargos - disse Sirkis, para quem é impossível uma aproximação de Crivella.

COLABOROU: Pedro Motta Gueiros