Título: Heloísa tem votação recorde para vereadora
Autor: Lima, Maria; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 07/10/2008, O País, p. 8

Foi a campanha mais difícil para mim", diz a ex-senadora e ex-candidata à Presidência.

ALAGOAS. A ex-senadora e ex-candidata à Presidência Heloísa Helena (PSOL) surpreendeu nas urnas. Sem coligação e sem estrutura de campanha, pedindo votos em sinais de trânsito com panfletos nas mãos, precisava de 19 mil votos para se eleger para a Câmara de Vereadores de Maceió. Conseguiu 29.615, um recorde na história das eleições na capital e a maior votação proporcional do país.

- Foi a campanha mais difícil para mim. Fui massacrada pelas estruturas de poder de Alagoas, mas os eleitores me deram a resposta - disse, enquanto fazia uma carreata. - O PSOL com certeza vai lançar um candidato a presidente da República, mas estamos decidindo isso.

As eleições terminaram em Alagoas, mas o Tribunal Regional Eleitoral quer por em prática um "plano B" de combate aos candidatos com ficha suja, que conseguiram se eleger mesmo com pendências na Justiça e até da prisão.

É o caso do ex-deputado estadual cabo Luiz Pedro da Silva (PMN), que está preso há nove meses, acusado de liderar um grupo de extermínio na periferia da capital e foi eleito vereador no último domingo com quase cinco mil votos. Ele conseguiu gravar, da prisão, para o horário gratuito e voltar a Câmara Municipal.

- O TRE não sabe o que fazer no caso do Luiz Pedro, mas isso está sendo analisado. O caso dele chama a atenção para nós, por se tratar de um preso eleito pelo voto, mas o tribunal está atento e vai atuar, sim - disse um dos integrantes da Corte, juiz Francisco Malaquias.

O "plano B" foi traçado pelo presidente, desembargador Estácio Gama, logo após o término da votação.

- As eleições passaram e nós avisamos: não vamos admitir políticos corruptos. Bem, se mesmo com o aviso e toda a operação que fizemos, envolvendo Exército, Força Nacional, as polícias, incluindo a Federal, eles conseguiram se eleger, mas podem não ser diplomados - avisou Gama. -Já cassamos até deputado.

Mais de cem pessoas no estado foram presas, acusadas de comprar votos ou transportar eleitores. Foram apreendidos em dinheiro vivo R$38.290.

- Pegamos esses cabras - disse o superintendente da PF, José Pinto de Luna.