Título: Montadoras ainda comemoram setembro
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 07/10/2008, Economia, p. 44

Vendas no mês passado foram 31,7% superiores ao do mesmo período de 2007.

SÃO PAULO. O aprofundamento da crise financeira internacional não chegou a afetar o ritmo das vendas da indústria automobilística em setembro. Dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mostram que no mês passado foram vendidos 268,7 mil veículos novos no país, um aumento de 9,8% sobre agosto, e de 31,7% em relação a setembro de 2007. Desde o início do ano, 2,21 milhões de carros zero quilômetro já foram vendidos, volume 27% maior do que o dos nove primeiros meses do ano passado. Até setembro, a produção nacional de veículos somava 2,62 milhões de unidades, uma alta de 19,9%.

- A fotografia do mercado interno mostra que ainda não tivemos impacto (da crise) - disse o presidente da Anfavea, Jackson Schneider.

O executivo negou também que as taxas de juros e os prazos dos financiamentos, que respondem por 65% das vendas do setor, tenham se tornado mais restritivos por causa dos problemas de liquidez enfrentados por alguns bancos nas últimas semanas. Os juros já haviam subido de 19,6%, em julho, para 23,6% ao ano em agosto, informou Schneider. E eventuais novas elevações em setembro, na sua avaliação, não configuram uma tendência:

- Há que se esperar para ver se há necessidade de aumento das taxas de juros, que agora seria um movimento oportunista que não ajuda o mercado, nem o país.

As exportações do setor caíram 7,3% em relação a agosto, mas de janeiro a setembro somam US$9,82 bilhões, 9% acima das do mesmo período de 2007. Para as montadoras, mais do que a crise, o câmbio desfavorável é que vinha tirando competitividade do setor.

Na GM, férias coletivas para ajustar exportação

A GM, que na sexta-feira anunciou que dará férias coletivas em várias fábricas, justificou ontem a decisão pela necessidade de ajustar seus estoques para exportações. A empresa diz que perdeu vendas no México, para subsidiárias alemã e coreana do próprio grupo, além da crise da economia sul-africana.

Para Schneider, da Anfavea, a situação internacional é preocupante, mas ainda é cedo para se ter uma visão precisa dos efeitos sobre o país.

- Hoje, qualquer ponderação, tanto no sentido de que estamos blindados, ou de que estamos em situação absolutamente catastrófica, é equivocada - disse.

Para o executivo, o país tem hoje melhores condições para enfrentar a crise.

- O governo tem que empreender todos os esforços para garantir liquidez ao mercado, com muita serenidade, porque não dá para comparar as condições da economia hoje com as que tínhamos em crises anteriores.