Título: Inflação deve ficar controlada
Autor: Simão, Edna
Fonte: Correio Braziliense, 12/03/2009, Economia, p. 16

Embora serviços ainda pressionem índices, tendência é de que próximos meses diminuam risco de alta de preços

-------------------------------------------------------------------------------- Edna Simão Da equipe do Correio Breno Fortes/CB/D.A Press - 8/6/04 Chuchu teve a maior alta registrada no grupo de alimentação: subiu 28,75% em fevereiro A crise econômica mundial significou, quase que automaticamente, a redução dos preços no atacado, mas ainda não chegou ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a meta de inflação do governo ¿ em 2009, 4,5%, com folga de dois pontos percentuais. Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou que o Índice Geral de Preços¿Mercado (IGP-M) registrou uma queda de 0,45% na primeira prévia de março, que compreendeu o intervalo entre 21 e 28 de fevereiro. No mesmo período do mês anterior, o indicador teve alta de 0,42%.

Seguindo uma tendência contrária, o IPCA, apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), saltou de 0,48% em janeiro para 0,55% no mês passado. Esse movimento, segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, está relacionado à alta de 4,77% do grupo de educação. O aumento das mensalidades escolares foi de 5,64% no período. ¿É preciso olhar com cautela os números de fevereiro, porque a alta da inflação está concentrada no grupo de educação¿, ressalta Eulina, sinalizando que a alta foi sazonal e a perspectiva é de baixa do IPCA nos próximos meses.

Os outros grupos analisados pelo IBGE, como os de alimentação e bebidas (0,27%), habitação (0,22%), artigos de residência (0,28%), transporte (0,24%), saúde (0,46%) e despesas pessoais (0,31%) registraram variação positiva, mas inferiores a janeiro. ¿Esses itens refletem indicadores como a queda da produção industrial e a perspectiva de baixa da massa salarial, além do crédito mais restrito¿, explica a coordenadora do IBGE. No caso de alimentação, o produto que teve o maior reajuste foi o chuchu, com alta de 28,75% em fevereiro.

O economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani, reforça que o IGP-M teve uma retração pois foi afetado diretamente pelos preços das commodities ¿ o repasse da queda foi automático. O IPCA não acompanhou o movimento do IGP-M porque ainda sofre com a elevação dos serviços e com a indexação de contratos, cujo reajuste é atrelado à inflação de 2008, mais elevada. O responsável pela divulgação do IGP-M, Salomão Quadros, considera ¿natural¿ essa diferença entre os índices (IPCA e IGP-M). ¿Os serviços (que tem peso no IPCA) não estão sujeitos ao cenário internacional. A demanda interna não se enfraqueceu tanto assim¿, acrescenta.

Lentamente A economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli, estima que o IPCA deve recuar para a marca de 0,20% a 0,30% nos meses de março e abril. Até porque os IGP¿s, com destaque para o IGP-M, mostram uma baixa, principalmente, nos preços do atacado ¿ que estão vinculados às commodities como soja, milho e alumínio. ¿Existe um ciclo de deflação mundial e não vamos fugir à regra¿, avalia.

Ela prevê que o IPCA deve fechar o ano entre 4,20% e 4,30%. Para o economista da corretora Concórdia Elson Teles, o resultado do IPCA veio em linha com as expectativas. ¿O que vai continuar pressionando o índice será o grupo de serviços. O país não vai ter deflação como lá fora. Mas a desaceleração econômica vai contribuir para mitigar qualquer tipo de pressão¿, explica Teles.

-------------------------------------------------------------------------------- Remédios vão subir

O governo federal deve autorizar os laboratórios a reajustarem em 5,9% os preços de 20 mil medicamentos, a partir de 31 de março. Esses produtos têm seus preços controlados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) por serem amplamente consumidos e enfrentarem pouca concorrência, especialmente dos genéricos, que são mais baratos. Entre os medicamentos atingidos estão antibióticos, antiinflamatórios, diuréticos, vasodilatadores e ansiolíticos.

Com esse percentual, a Cmed repassa para os preços a inflação cheia acumulada pelo IPCA em 12 meses. Com o reajuste, o antidepressivo Prozac com 28 comprimidos, por exemplo, deve passar de R$ 98,59 para R$ 104,41. Já o Amaryl, para o controle do diabetes, pode subir de R$ 11,73 para R$ 12,42. O diurético Clorana com 30 comprimidos de R$ 4,22 para R$ 4,46 e o contraceptivo Yasmin, de R$ 38,27 para R$ 40,53.

Interurbanos O conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou ontem um reajuste de 2,86% para as tarifas da Embratel, segundo uma fonte do órgão regulador que pediu anonimato. O aumento vale para as ligações interurbanas que usam o código 21 da Embratel feitas entre dois celulares ou entre um telefone fixo e um celular. Ainda não está confirmado quando o aumento entra em vigor, se na data da publicação da decisão da Anatel ou se irá retroagir a 1º de janeiro deste ano.