Título: Tarso e Dirceu dizem apoiar Dilma
Autor: Flávio Freire e Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 11/10/2008, O País, p. 12

Adversários no PT, eles defendem candidatura da ministra em 2010.

SÃO PAULO. A possível candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência em 2010 provocou uma união impensável no PT. De um lado, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e de outro, seu desafeto José Dirceu, que ocupava o lugar de Dilma até o escândalo do mensalão, em 2005. Os dois se encontraram ontem em São Paulo, numa homenagem aos 40 anos do fatídico congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) em Ibiúna, organizado por Dirceu, que resultou em prisões e tortura. Ex-líderes estudantis, os dois nem se falaram no evento, mas, em entrevistas, defenderam Dilma como candidata a presidente em 2010 - com elogios pouco convencionais.

Dirceu fez uma comparação que seria facilmente condenada pelos marqueteiros, ao ser perguntado se Dilma tinha carisma para disputar a eleição.

- Se carisma e humor decidissem eleição, o (José) Serra não seria nem prefeito nem governador, apesar de competente e bom administrador, ainda que eu seja oposição a ele. Se tem alguém que não tem carisma é o Serra, né? A questão no Brasil hoje é projeto político. Carisma é evidente que ajuda, mas aí estamos zerados, nós empatamos.

"O lastro eleitoral é o do PT. Ela está à altura do desafio"

O ex-ministro e deputado cassado disse que será cabo eleitoral de Dilma, a quem já chamou de "companheira de armas", quando tomou posse na Casa Civil, em 2003. Para Dirceu, o fato de ela não ter lastro eleitoral não preocupa.

- O lastro eleitoral é o do PT. Milhões de votos no país inteiro. Ela está à altura do desafio, não só pela identidade com o PT e com o presidente. Mas pela experiência de governo e pela possibilidade de dialogar com o PMDB e com (o deputado) Ciro Gomes (PSB), além do restante da base do governo - afirmou.

Tarso também apoiou a indicação da colega:

- O presidente Lula não fez indicação formal, eu é que tenho lido sinalizações e indícios de que ele tem uma preferência - disse Tarso Genro, que continuou: - É uma preferência boa, se confirmada. A ministra é uma pessoa altamente capaz. Se for o caminho, o partido vai acolher.