Título: Lula: Marta é vítima de preconceito da cidade
Autor: Flávio Freire e Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 11/10/2008, O País, p. 12

Presidente tenta quebrar resistência de evangélicos à ex-prefeita; pastores discordam de projeto sobre casamento gay.

SÃO PAULO. O presidente Lula tentou ontem quebrar o que chamou de preconceito que a candidata do PT à prefeitura paulistana, Marta Suplicy, sofreria dos evangélicos. Em discurso num hotel de luxo a cerca de cem pastores de diferentes setores da igreja, ao lado da petista, Lula disse conhecer o preconceito e que suas derrotas nas eleições de 1989, 1994 e 1998 ocorreram também porque os próprios evangélicos "pregavam mentiras" a seu respeito.

- Eu, que já sofri tanto preconceito, hoje acredito que Marta é vítima de preconceito da cidade. Vítima pelas coisas boas que fez. Estou convencido que essa mulher sofreu uma campanha de preconceito exatamente pelas coisas boas que fez pela cidade - disse Lula.

- Ninguém tem mais horas nas costas de preconceito do que eu, até da igreja evangélica. O que foram as campanhas de 89, 94 e 98? Quanta infâmia e mentira contavam a meu respeito. Diziam até que eu ia fechar igrejas. E quanto preconceito já foi levantado contra os pastores, entretanto, não se pode retribuir aos outros o preconceito do qual já foram vítimas.

Apesar do empenho do presidente, as hostilidades não se encerraram. O projeto dela que defende a união estável entre as pessoas do mesmo sexo é o mais atacado pela comunidade.

- Está na Bíblia que os homossexuais não vão para o Reino dos Céus. Não dá para defender esse projeto. Ou vamos ser obrigados a celebrar casamentos desse tipo - disse o presidente do conselho de pastores da Zona Sul, Levi Monteiro.

Um dos presentes disse que Marta, embora pedisse votos ali, entrara com uma ação contra um pastor. Marta explicou:

- Sempre que alguém se dirigir a mim com palavras de baixo calão, vou processar - disse ela, referindo-se a um pastor que a atacou no rádio.

Marta disse que, se eleita, permitiria a realização da Marcha de Jesus na Avenida Paulista e reveria a lei Cidade Limpa para que os templos possam distribuir placas de sinalização.