Título: Em meio ao caos, Bush pede calma
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 11/10/2008, Economia, p. 31

Presidente dos EUA diz que governos têm as ferramentas para conter a crise.

Legenda da foto: GEORGE W. BUSH aos investidores: "Ansiedade gera mais ansiedade"

NOVA YORK. O presidente americano, George W. Bush, pediu calma e alertou ontem que "ansiedade gera mais ansiedade", depois que o mercado em Wall Street abriu ontem com uma queda de 8%. Ele conclamou os americanos a permanecerem confiantes, prometendo que os EUA vão restaurar a estabilidade, enquanto as pessoas vêem porções consideráveis de suas poupanças de aposentadoria desaparecerem, com o movimento de venda das ações.

- Sabemos qual é o problema. Temos as ferramentas para consertá-lo. E estamos trabalhando rapidamente nesse sentido - disse Bush

O presidente foi anfitrião ontem dos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G-7 (o grupo dos sete países mais ricos), que chegaram a Washington para avaliar as opções possíveis para enfrentar a crise que congelou o mercado de crédito e ameaça mergulhar o mundo numa recessão, tornando-se o mais grave abalo financeiro desde a Grande Depressão.

A reunião ocorre depois que o pacote americano de US$700 bilhões, e a decisão conjunta de vários bancos centrais de reduzir suas taxas de juros em meio ponto percentual, entre outras medidas, não restauraram a confiança nos mecados. Boa parte do debate gira em torno da idéia de injetar capital nos bancos para evitar que quebrem. O Departamento do Tesouro, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e a Casa Branca estão avaliando como fazer isso, disseram fontes do governo à rede CNBC.

- Não há um átomo de confiança - disse Steve Goldman, da consultoria Weeden & Co.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, sugeriu que outros governos acompanhem a Grã-Bretanha e coloquem dinheiro em seus combalidos bancos e ofereçam garantias de centenas de bilhões de dólares para convencer os bancos a voltarem a emprestar entre si.

Para mercados, falta alguém para liderar reação

Muitos investidores estão procurando alguém para liderar os esforços contra a crise, e temem o vácuo político que as eleições americanas de novembro provocarão. Bush é visto como alguém de saída. O candidato democrata para sucedê-lo, Barack Obama, disse que a crise requer uma ação coordenada e o candidato republicano, John McCain, disse que sua experiência o torna o candidato ideal para liderar os americanos em meio a esses tempos de crise.

- Não é como se tivéssemos com Franklin Roosevelt e Churchill - disse Marc Chandler, da consultoria Brown Brothers Harriman.