Título: Tesouro dos EUA confirma estatização de bancos
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 11/10/2008, Economia, p. 31

Será a primeira nacionalização do setor desde a Grande Depressão. Governo avalia garantir 100% dos depósitos.

WASHINGTON. Ao fim da reunião do G-7 (grupo dos países mais ricos), no início da noite de ontem, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, confirmou que o governo dos Estados Unidos vai estatizar parcialmente vários bancos que, sem uma injeção de capital de Tio Sam, correm o risco de ir à falência. Esta seria a primeira vez que isso ocorreria desde a Grande Depressão.

O governo americano estuda ainda garantir as dívidas bilionárias dos bancos e assegurar todos os depósitos bancários do país temporariamente, segundo o "Wall Street Journal". Esta seria a maior intervenção no sistema financeiro já feita nos EUA.

O pacote de socorro ao sistema financeiro aprovado pelo Congresso na semana passada já previa a possibilidade de compra de participações acionárias de instituições bancárias que aderissem ao programa de resgate. A medida foi incorporada ao plano durante trâmite na Câmara e no Senado, por pressão dos democratas. Paulson, no entanto, resistia a colocá-la em prática.

- Podemos usar dinheiro do contribuinte de forma mais efetiva, mais eficiente. Eles, agora, vão obter mais por seus dólares e com maior proteção com a compra de ações dos bancos - disse Paulson ontem.

Ele se negou a revelar a proporção desses investimentos - quantos bilhões serão dedicados aos papéis podres e quanto irão para compras de bancos em situação delicada.

Em relação às idéias do G-7 para evitar que a crise se torne mais aguda, o secretário do Tesouro disse que a declaração conjunta divulgada pelo grupo era "menos vaga" que comunicados anteriores.

A proposta de garantir as dívidas dos bancos e assegurar os depósitos bancários, que também está em avaliação pelo Tesouro, tem o objetivo de, mais uma vez, descongelar o acesso ao crédito. Os EUA têm cerca de US$7 trilhões em depósitos bancários. O FDIC, órgão que regula esses depósitos nos EUA, tem US$45 bilhões para cobrir US$5,2 trilhões de depósitos. A medida permitiria garantir os US$1,8 trilhão restantes.

Pressionado para estipular uma data em que o pacote seria totalmente implementado, Paulson saiu pela tangente:

- Acreditem em mim: não estamos desperdiçando tempo. Tem gente trabalhando nisso 24 horas por dia.

(*) Com agências internacionais