Título: Roubini: só corte de 1,5 ponto evitaria recessão
Autor:
Fonte: O Globo, 11/10/2008, Economia, p. 35

Professor de economia que previu a crise diz que também é necessário garantir os depósitos.

PEQUIM. Nouriel Roubini, o professor de economia da Universidade de Nova York que há dois anos previu a crise financeira, disse ontem que as autoridades de política monetária deveriam orquestrar reduções das taxas de juros de pelo menos 1,5 ponto percentual para evitar que o mundo caia em uma recessão.

Em comentário distribuído por e-mail para assinantes do boletim "Roubini Global Economics", o professor de economia enumerou ainda, como passos necessários para conter a crise, a concessão de garantia temporária sobre todos os depósitos bancários; liquidez ilimitada para instituições financeiras sólidas; e medidas de estímulo fiscal.

Desde 2006, economista vinha alertando para riscos

"Será necessária uma mudança significativa na liderança de política econômica e medidas muito radicais e articuladas entre todas as economias avançadas e dos mercados emergentes para evitar esse desastre econômico e financeiro", disse Roubini, de 50 anos.

Desde o fim de 2006, ele começou a alertar sobre os perigos decorrentes de uma provável crise do mercado imobiliário residencial dos Estados Unidos.

"A esta altura, o risco de um colapso iminente das bolsas - como a queda intradiária acentuada de mais de 20% dos preços das ações nos EUA, ocorrida em 1987 - não pode ser descartado", disse Roubini. "O sistema financeiro está entrando em colapso, o pânico e a falta de confiança em qualquer contrapartida estão crescendo significativamente e os investidores perderam totalmente a convicção na capacidade das autoridades da área econômica de controlarem a crise."

O economista defendeu a adoção de medidas imediatas, num momento em que autoridades do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e do G-7 (grupo dos sete países mais ricos) se reúnem em Washington no fim de semana. E também depois que várias iniciativas, tomadas isoladamente, falharam em conter a ampliação da crise, que nos últimos dias levou as principais bolsas do mundo a sofrerem perdas históricas.