Título: Petróleo cai até 11% e fecha abaixo de US$80
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Fonte: O Globo, 11/10/2008, Economia, p. 35
Em NY, barril é cotado a US$77,70, menor patamar em 13 meses. Perda em dólares é a maior desde 1991.
NOVA YORK e LISBOA. O preço do petróleo despencou ontem para seu menor nível em 13 meses, com o temor de que a desaceleração global reduza a demanda pelo combustível. Na Bolsa de Nova York, o barril do óleo leve americano fechou em US$77,70, queda de 10,27%, o mais baixo patamar desde 10 de setembro de 2007, quando o barril fechou em US$77,49. O barril do tipo Brent, referência na Bolsa de Londres, também teve forte queda ontem. Caiu 11%, para US$73,90, após atingir a mínima de US$73,14 durante o dia.
Em dólares, a queda de ontem em Nova York foi de US$8,89, considerando a cotação final. Esta é a maior perda em um único dia desde a baixa de US$10,56 registrada em 17 de janeiro de 1991, quando foi lançada a Operação Tempestade do Deserto, que desencadeou a Guerra do Iraque.
Se considerados os preços negociados durante o pregão, as perdas são ainda maiores. O barril do leve americano chegou a US$77,09 na mínima do dia, menor patamar desde 11 de setembro de 2007 - quando foi cotado a US$77 durante o pregão. Nessa base de comparação, o recuo em dólares foi de US$9,50.
Nem o anúncio, na véspera, de que a Organização dos Exportadores de Petróleo (Opep) faria uma reunião extraordinária em novembro foi suficiente para segurar os preços. Considerando o pico alcançado em 11 de julho, quando o barril alcançou US$147,27 durante as negociações na Bolsa de Nova York e fechou em US$145,08, a desvalorização já passa de 40%.
O analista James Cordier, fundador da OptionSellers.com, na Flórida, não descartou novas quedas nas próximas semanas e até mesmo um retorno aos preços na faixa dos US$40, se o mundo entrar em uma recessão e a demanda por petróleo desabar.
- As pessoas têm que lembrar que o petróleo costumava ser negociado por US$35 a US$40 o barril por muito tempo - disse ele, referindo-se às cotações anteriores a 2004. - O (patamar de) consumo que tínhamos naquela época pode voltar.
Os sinais de recuo na demanda são mais que evidentes. Na última quarta-feira, o Departamento de Energia dos EUA informou uma queda de 5,3% no consumo de gasolina. Os números consideram a demanda de quatro semanas encerradas em 3 de outubro em comparação com igual período de 2007.
Lobão: pré-sal é viável com barril a US$40
No Brasil o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, minimizou o impacto que a queda no preço do petróleo teria nos projetos de exploração da camada pré-sal.
- O aumento dos preços do petróleo era exorbitante, e qualquer que sejam os custos de extração continuarão sendo baratos em comparação com os preços atuais - disse. - A extração no pré-sal não deve custar mais que US$40 a US$50 o barril.
Lobão participou de uma reunião com empresário portugueses e brasileiros em Lisboa, em que elogiou a presença da portuguesa Galp Energia em vários blocos da Bacia de Santos, onde se encontram as principais reservas já descobertas no pré-sal.
Ele afirmou ainda que está mantida a data de 30 de outubro para que a comissão interministerial entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugestões para um novo marco regulatório para o pré-sal.