Título: PIB fraco elimina empregos
Autor: Cristino, Vânia; Simão, Edna
Fonte: Correio Braziliense, 12/03/2009, Economia, p. 17

Esfriamento da economia acima do previsto ampliará demissões. A perda de vagas pode atingir 1,3 milhão de trabalhadores com carteira assinada

-------------------------------------------------------------------------------- Vânia Cristino e Edna Simão Da equipe do Correio José Varella/CB/D.A Press - 18/10/07 ´´Cada 1% do PIB representa entre 400 mil e 500 mil novos postos de trabalho. No sentido inverso é a mesma coisa`` José Pastore Especialista em mercado de trabalho A queda de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2008 vai provocar a destruição em massa de postos de trabalho no país, levando o emprego com carteira assinada a ficar negativo no ano. O professor José Pastore, especialista em mercado de trabalho, estima que entre dezembro do ano passado e dezembro de 2009 a perda líquida do emprego atingirá 1,3 milhão de trabalhadores.

¿Cada 1% do PIB representa entre 400 mil e 500 mil novos postos de trabalho. No sentido inverso é a mesma coisa¿, disse o professor. Na projeção que fez, o efeito da queda do PIB só não é mais dramático porque já está contabilizada a recuperação suave, esperada para o segundo semestre. Para que essa pequena recuperação aconteça é importante, segundo Pastore, a implementação dos programas em estudo pelo governo, especialmente o de incentivo à construção civil, que responde rapidamente em termos de produção e oferta de vagas.

¿A taxa de desemprego só não aumenta este ano se a pessoa deixar de procurar emprego¿, avaliou Pastore, explicando que quem desiste de procurar emprego não entra na estatística. O professor confessou que ficou assustado com a queda de 9,8% nos investimentos, pois ela significa menos postos de trabalho. ¿Pelos dados que dispomos, as empresas não reverteram essa queda. Vamos ter um primeiro semestre de perda de empregos formais¿ assinalou.

Quanto à renda, o especialista disse que ela demora mais para cair graças às medidas compensatórias, como, por exemplo, o seguro-desemprego. ¿De imediato, o trabalhador perde o emprego, mas não a renda, que vai se deteriorando ao longo do tempo no caso de ele não arrumar um nova colocação¿, explicou. Da perda de renda para a inadimplência é um pulo. O trabalhador deixa de pagar o cartão de crédito, colégio dos filhos e outros compromissos, concentrando o pouco dinheiro que dispõe na subsistência da família. É o que vem acontecendo nos EUA, que está mergulhado na crise econômica há 18 meses.

Massa salarial A analista de mercado de trabalho Ariadne Vitoriano já está refazendo as projeções com relação à taxa de desemprego para o fim deste ano devido à queda, além do esperado, do PIB . Antes, considerando um crescimento de 1,5%, a analista projetava uma taxa de desemprego de 9,3% para o ano. Agora, com o quadro mais deteriorado, ela espera uma expansão da economia de apenas 0,3%, o que repercutirá diretamente no emprego e na massa salarial.

Para a analista, uma ligeira recuperação do mercado de trabalho só deve acontecer ao longo do segundo semestre. Mas, se a atividade econômica continuar desacelerando, é inevitável a forte redução da taxa de ocupação. O impacto na renda, no entanto, seria minimizado com a queda da inflação.