Título: FMI e G-20 querem ação conjunta contra crise
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 12/10/2008, Economia, p. 38

Mas não anunciam medidas concretas. Bush diz que responsabilidade de combater pânico é de todos os países.

WASHINGTON. A reunião extraordinária do G-20, que engloba os sete países mais ricos do mundo (G-7) e os emergentes mais importantes - entre eles o Brasil - ontem à noite, para analisar medidas de contenção da atual crise financeira, terminou com nada mais do que "a conscientização de que se trata de uma crise mundial que tem de ser enfrentada de forma conjunta", informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na presidência temporária do G-20. Foi um anúncio semelhante ao feito mais cedo pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que vai coordenar uma ação global contra a crise para restaurar a confiança e a estabilidade dos mercados financeiros. Mas o comunicado do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), que reúne os 185 países membros do FMI, também não trazia qualquer medida concreta.

Da reunião do G-20, do ponto de vista prático prevaleceu apenas a manutenção do que já vem sendo feito e ainda não controlou o pânico nos mercados financeiros globais. Mantega disse que os ministros concluíram que, num primeiro momento, "é preciso fazer um esforço para apagar o incêndio".

- Além de injetar muito dinheiro no mercado, é preciso que os governos (de EUA e Europa) tenham participação em bancos. É necessário agora haver uma ofensiva mais forte nessas medidas - disse Mantega, ressaltando que "o epicentro da crise está nessas regiões".

A grande surpresa da reunião foi a inesperada presença de George W. Bush - que jamais entrara na sede do FMI, onde ela foi realizada, "e muito menos numa reunião do G-20" - ressaltou Mantega:

- Ele veio nos prestigiar. Isso mostra a importância do organismo e a gravidade do momento que estamos vivendo. E demonstra a necessidade de uma ação conjunta entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Segundo Mantega, Bush manifestou simpatia à participação dos emergentes:

- Ele reconheceu que o epicentro da crise está nos países mais avançados e disse que seria importante a participação de outros países na solução do problema.

O IMFC solicitou que o Fundo ajude com empréstimos os países em desenvolvimento abalados pela crise. O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que vai coordenar a ação global, também não falou de medidas práticas. Ele anunciou que todos os países endossaram o plano de ação do G-7 divulgado sexta-feira, que se limitava a manifestar a intenção de buscar soluções para a crise, sem propostas concretas.

Bush: crise requer "uma resposta global séria"

Pela manhã, Strauss-Kahn disse que "o sistema financeiro global está à beira de um derretimento estrutural". Bush, por sua vez, disse que o G-7 concorda sobre a necessidade de uma resposta para a crise:

- Todos nós reconhecemos que há uma crise global séria, que requer uma resposta global séria - disse, acrescentando que, em crises passadas, alguns países tentaram se isolar. - Desta vez está sendo diferente. Estamos juntos nisso, sairemos juntos disso.

O G-20 reúne África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia, EUA, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Européia. FMI e Banco Mundial assistem as reuniões.

(*) Com agências internacionais