Título: Bird terá fundo para socorrer bancos
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 13/10/2008, Economia, p. 17

Objetivo é recapitalizar instituições pequenas e médias de países em desenvolvimento.

WASHINGTON. O presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, afirmou ontem que o organismo tem capacidade financeira para "duplicar, de forma bastante cômoda" os seus empréstimos anuais aos países em desenvolvimento. Zoellick disse que, de imediato, além dos US$800 milhões já aprovados para aliviar os pobres da alta dos preços de alimentos e petróleo, o Bird está separando mais US$1,2 bilhão para esse fim. Ele também anunciou um socorro ao setor bancário dos países em desenvolvimento, que poderá ser contagiado pela crise:

- Estamos explorando a possibilidade de criar um fundo para ajudar a recapitalizar bancos pequenos e médios - afirmou Zoellick no Comitê de Desenvolvimento de Bird e Fundo Monetário Internacional (FMI).

Strauss-Kahn: "sinais de tensão" em emergentes

O diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, disse que o FMI também está pronto a financiar imediatamente os países que já vêm sofrendo drásticas reduções no acesso a empréstimos externos. Segundo ele, o Fundo exigiria menos condicionalidades e desembolsaria o dinheiro em menos de duas semanas.

Strauss-Kahn advertiu ainda sobre os efeitos da crise nos mercados emergentes, onde os "sinais de tensão" já aumentaram, especialmente na Europa do Leste. Ele alertou que a aversão a risco e a escassez de crédito forçaram fundos mútuos e de pensão a retirar seu capital dos países em desenvolvimento.

- Os sinais de tensão aumentaram - afirmou Strauss-Kahn, ressaltando que os sistemas bancários mais frágeis são os que mais dependem de financiamento externo. - As vulnerabilidades são particularmente elevadas na Europa do Leste.

Ele também destacou a fragilidade dos países bálticos, cujos bancos têm uma ampla carteira de hipotecas e podem ver-se obrigados a restringir o crédito.

Strauss-Kahn disse que a combinação da redução do crédito nos mercados internacionais, a alta dos juros em alguns países em desenvolvimento e a desaceleração global podem levar a crise do crédito e as falências aos mercados emergentes. Mas ele ressaltou que esses países contam, pelo menos, com um colchão de crescimento ainda favorável.

O FMI estima que os emergentes cresçam 6,9% este ano e 6,1% em 2009. (J.M.P., com agências internacionais)