Título: Furnas também é expulsa do Equador
Autor: Rosa, Bruno; Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 13/10/2008, Economia, p. 18

Correa culpa estatal brasileira por problemas em usina da Odebrecht.

RIO e BUENOS AIRES. O presidente do Equador, Rafael Correa, disse em seu programa de TV no último fim de semana que, além da construtora Odebrecht, a estatal Furnas será expulsa do país. Para Correa, a brasileira Furnas era a "firma fiscalizadora" e "também responsável pelo desastre da Usina Hidrelétrica de San Francisco". Furnas, que atua nas áreas de geração, transmissão e comercialização de energia elétrica no Brasil, informou que ainda não recebeu nenhuma informação oficial do governo equatoriano.

A Odebrecht foi acusada pelo governo do Equador de cometer irregularidades na construção da usina, que teve de ser fechada depois de um ano de uso. Autoridades da Odebrecht, no entanto, não ficaram surpresas pela rescisão do contrato com a empresa e, muito menos, pela expulsão de Furnas do país. A saída da estatal era esperada, já que representantes do governo equatoriano anteciparam a medida há cerca de um mês.

Desde que começou o conflito com a Odebrecht, o governo Correa declarou, em reiteradas oportunidades, considerar absurdo que uma empresa brasileira fiscalizasse outra empresa do mesmo país. A saída de Furnas, portanto, já era considerada um fato, disse a fonte.

Em 2000, Furnas firmou um consórcio com a empresa equatoriana Integral, a pedido da Hidropastaza (empresa equatoriana concessionária da hidrelétrica de San Francisco), com o objetivo de prestar consultoria à fiscalização da construção da usina. Entre 2004 e 2007, o consórcio, afirma Furnas, acompanhou os processos construtivos e suas conformidades em relação às especificações contidas no respectivo projeto.

Para Furnas, não houve falha de fiscalização em Usina

Segundo comunicado de Furnas, é precipitado fazer qualquer diagnóstico sobre a fiscalização, pois não houve falha alguma. Para a estatal, a identificação das causas efetivas dos problemas surgidos em San Francisco, após o início de sua operação, requer avaliações técnicas detalhadas. A companhia brasileira, que não tem escritório no Equador, argumenta que, como não desenvolveu o projeto, não pode ser apontada por erros.

O que vem preocupando a Odebrecht, porém, é a situação dos brasileiros Fernando Bessa e Eduardo Gedeon, executivos da empresa que, desde 23 de setembro, estão hospedados na embaixada do Brasil em Quito, proibidos pelo governo Correa de sair do país. No caso de Gedeon, o fato é incompreensível para autoridades da Odebrecht, já que o executivo estava de passagem pelo Equador e pretendia retornar ao Peru, onde trabalha e vive com a família.

(*) Correspondente, com agências internacionais