Título: Pacote britânico é mais consistente
Autor:
Fonte: O Globo, 14/10/2008, Economia, p. 21

Para analistas, plano seria mais eficaz que o dos EUA contra a crise.

O pacote de combate à crise financeira do governo britânico - base das medidas anunciadas ontem por países da zona do euro - foi considerado por analistas como mais abrangente, agressivo e consistente que o plano de socorro americano, ao colocar à disposição de bancos cerca de US$1 trilhão não apenas para a limpeza de títulos podres, mas também para recapitalizar as instituições e garantir empréstimos interbancários. Para eles, o plano deveria ser tomado como referência não somente por países da Europa, mas pelas próprias autoridades monetárias americanas, como Tesouro e Federal Reserve (Fed).

Segundo a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, o pacote americano ficou restrito à compra de ativos podres das instituições financeiras, o que não seria suficiente para tranqüilizar os mercados. Ela acrescenta que o plano britânico prevê uma injeção de recursos superior à do pacote dos EUA - de US$700 bilhões -, embora a economia do país tenha um sexto do tamanho da americana.

- O pacote britânico é mais completo e, desta forma, mais consistente. Tem melhores chances de interromper a crise de confiança internacional - afirma a economista.

O pacote britânico foi ainda mais objetivo, na avaliação dos analistas, ao identificar as oito instituições - Abbey National, Barclays, Halifax, HSBC, Lloyds TSB, Nationwide, Royal Bank of Scotland e Standard Chartered - que poderão receber recursos imediatamente do governo.

EUA erraram ao permitir quebra do Lehman Brothers

O analista Ivo Chermont, da Modal Asset, lembrou que o governo americano já busca uma brecha em seu pacote para adotar medidas semelhantes às do plano britânico.

Para analistas ouvidos ontem, o governo americano errou ao não salvar o banco de investimentos Lehman Brothers, que pediu concordata no mês passado.

Segundo Carlos Langoni, economista da FGV, o governo não calculou corretamente a onda de desconfiança e de falta de credibilidade que a quebra do banco provocaria.