Título: Sem consenso sobre soluções para a crise
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 15/10/2008, Economia, p. 23

SÃO PAULO. Passada a fase mais aguda da crise financeira internacional, a tendência de o câmbio manter-se valorizado, com efeitos sobre a inflação, e o caminho a ser seguido pelo Banco Central (BC) para a política de juros no país dividiram opiniões durante debate entre empresários e economistas promovido ontem pelo jornal "O Estado de S.Paulo". Alinhados, o ex-ministro Delfim Neto e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp, disseram não crer em pressões do câmbio sobre os preços.

Belluzzo defendeu que o BC adote uma postura cautelosa, ou aguarde e observe:

- A redução dos juros é mais eficiente que diminuir o compulsório dos depósitos bancários.

Pelos cálculos de Eduardo Loyo, economista-chefe do UBS Pactual e ex-diretor do BC, o dólar na casa dos R$2 traria desvalorização do real em cerca de 25% e causaria alta da inflação em torno de dois pontos percentuais.

Para o empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o Brasil foi salvo pelo mercado interno e pela política monetária.

Para o economista-chefe para América Latina do Santander, Alexandre Schwartsman, é preciso ficar atento ao tamanho do rombo causado pelas operações das empresas brasileiras no mercado de derivativos, o "subprime tropical", que já atingiram Sadia, Aracruz e Votorantim.