Título: Lula elogia Brown por luta contra crise
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 15/10/2008, Economia, p. 26

Assessor da Presidência diz que governo ajudará empresas "sem passar mão na cabeça".

NOVA DÉLHI. Assim que desembarcou em Nova Délhi, na Índia, ontem à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, para cumprimentá-lo sobre as medidas tomadas para combater a crise financeira internacional, que acabaram inspirando o pacote anunciado pela União Européia (UE). Lula foi convidado por Brown para a reunião de líderes mundiais que deve ocorrer em Londres em março do ano que vem, informou o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. Ele acompanha Lula no encontro de cúpula do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) que acontece hoje na capital indiana.

Com relação aos efeitos da crise no Brasil, Garcia disse que o governo brasileiro dará ajuda a empresas em dificuldades sem "passar a mão na cabeça de ninguém". Ele explicou que, realmente, fala-se em 200 empresas em dificuldade por terem apostado em um dólar fraco. Esse número havia sido ventilado segunda-feira por um integrante do governo em Nova Délhi.

- O Brasil não vai deixar nenhuma empresa desassistida, mas também não passará a mão na cabeça de ninguém. O governo adotará medidas legais, com todas as garantias. As medidas que o governo vai adotar serão todas absolutamente dentro dos parâmetros legais e com todas as garantias de que a ajuda que o governo der será reembolsada - afirmou Garcia.

O presidente - que não iria à reunião da cúpula ibero-americana que será realizada em El Salvador no fim do mês - resolveu confirmar sua presença no encontro, segundo Garcia, devido à atual conjuntura mundial e à importância de debater saídas para a crise em todos os fórums. Na conversa com o primeiro-ministro britânico, Lula voltou a defender a necessidade de uma nova arquitetura financeira internacional.

- Como se inclui (na cúpula de El Salvador) o tema da crise financeira, seria estranho que o presidente do Brasil não estivesse presente - explicou Garcia.