Título: CMN libera R$5,5 bilhões para crédito rural
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 15/10/2008, Economia, p. 26

Banco Central reduz alíquotas do compulsório e libera outros R$3,6 bi para o mercado.

BRASÍLIA.O Conselho Monetário Nacional (CMN) - composto pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento e pelo Banco Central - se reuniu ontem extraordinariamente e aprovou aumento da destinação obrigatória dos depósitos a prazo do sistema financeiro ao crédito rural, liberando R$5,5 bilhões. Além disso, o BC reduziu outra vez uma das alíquotas do compulsório, liberando outros R$3,6 bilhões para o mercado.

As medidas foram tomadas porque, na avaliação do governo, a recuperação dos mercados financeiros ontem não foi suficiente para restabelecer a liquidez no mercado nacional.

O anúncio veio acompanhado de um ruído entre o BC e a Fazenda. A autoridade monetária, à qual cabe administrar a medida e fazer os comunicados do CMN, informou que a redução, de 45% para 42%, da alíquota do compulsório sobre depósitos à vista será por tempo indeterminado e começa a surtir efeito no próximo dia 29.

Em nota à imprensa, a Fazenda disse que a medida tinha "caráter excepcional" e valeria entre 1º de novembro e 30 de junho de 2009. Este é o período pelo qual valerá, na verdade, a nova alíquota de 30% do direcionamento obrigatório ao crédito rural de todos os depósitos à vista. Antes, estava em 25%. No fim da noite, após insistência da Fazenda, o BC informou que, apesar de a circular não fixar datas, "politicamente" decidiu-se que haverá prazo, conforme divulgação da Fazenda.

O BC divulgou que o crédito rural seria reforçado em R$4,5 bilhões. Mas a Fazenda e a Agricultura informaram que parte destes recursos será emprestada mais de uma vez, tendo impacto real para os produtores de R$5,5 bilhões.

Na mexida do compulsório, os R$3,6 bilhões liberados integram o "pacote" maior de mudanças nos recolhimentos obrigatórios anunciado na segunda-feira e que podem chegar a R$100 bilhões. Até agora, desse total, o BC detalhou medidas que somam R$50,7 bilhões. Ainda há na manga medidas que podem praticamente dobrar esse volume e serão ou não anunciadas, conforme a necessidade.

Levando em consideração as mudanças nos compulsórios já feitas nas últimas semanas, cerca de R$163,6 bilhões poderão irrigar o mercado financeiro nacional. No caso da agricultura, a medida já havia sido acertada e atende à preocupação do Executivo em garantir exportações e evitar um choque de preços agrícolas - responsável pela explosão da inflação em 2008. Novas medidas ainda devem ser anunciadas para o setor.