Título: Lobão: Petrobras está no Equador para ajudar
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 16/10/2008, Economia, p. 30

Ministro não acredita em expulsão da estatal do país vizinho.

BRASÍLIA e QUITO. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que não acredita na nacionalização dos campos petrolíferos que a Petrobras opera no Equador e afirmou que a empresa está, na verdade, ajudando o país vizinho com sua atuação, pois não obtém lucro.

Reconhecendo que o Equador é soberano para tomar as decisões que quiser em relação à presença da estatal brasileira, Lobão disse que a expulsão não trará benefício para qualquer das partes. Ele sugeriu que os equatorianos têm mais a ganhar com a presença da estatal brasileira, que explora dois blocos de petróleo no país, além de um oleoduto.

- A Petrobras está ajudando o Equador. A Petrobras, eu poderia dizer, não está tendo lucros no Equador, está lá para ajudar. Mas, se ela não for bem-vinda, deve haver uma solução civilizada. Acredito que isso não vá acontecer, o Equador não vai lucrar nada com isso (expulsão da Petrobras) - afirmou ele, depois de participar de audiência na Comissão de Amazônia da Câmara dos Deputados.

A Petrobras tem a concessão do bloco 31, nas imediações do Parque Nacional de Yasuní, e explora o bloco 18, produzindo cerca de 11 mil barris diários de petróleo. Na terça-feira, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, afirmou que as negociações estão seguindo dentro da normalidade e que ainda não há decisão sobre a situação da empresa.

Para ministro do Equador, é o fim do capitalismo selvagem

O ministro foi irônico ao comentar a ameaça do presidente do Equador, Rafael Corrêa, de expulsar a estatal Furnas daquele país, assim como fez com a construtora Odebrecht na semana passada, acusada de negligência nas obras de uma hidrelétrica. Segundo ele, a decisão seria inócua, pois, depois de ter prestado serviço de consultoria no país, a estatal não atua mais em território equatoriano.

- Não se pode expulsar o vento. Não há instalações físicas de Furnas no Equador, nem funcionários, não há mais nada.

O ministro procurou passar tranqüilidade em relação aos efeitos da crise sobre os investimentos do setor de energia no Brasil. Ele lembrou que os recursos financeiros existentes no mundo não evaporaram e terão que ser aplicados mais cedo ou mais tarde.

Já o ministro de Governo do Equador, Fernando Bustamante, afirmou ontem que a era do capitalismo selvagem está chegando ao fim.

- Acredito que outra lição (da crise) é que a era do capitalismo selvagem está chegando ao fim, e é hora de os Estados retomarem a importância que sempre deveriam ter tido.

(*) Com agências internacionais