Título: Confronto também entre Serra, PT e Paulinho
Autor: Freire, Flávio; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 17/10/2008, O País, p. 5

Governador afirma que partido e presidente da Força incitaram manifestação; petistas negam participação

Flávio Freire, Tatiana Farah e Ricardo Galhardo

SÃO PAULO. O governador José Serra (PSDB) acusou ontem o PT e o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), de instrumentalizar o protesto dos policiais civis com fins eleitorais. Às vésperas da eleição, quando o PT de Marta Suplicy enfrenta no segundo turno o prefeito Gilberto Kassab (DEM), aliado do governador, Serra disse que "(a manifestação) foi claramente articulada e instrumentalizada com a perspectiva político-eleitoral".

O PT rebateu chamando Serra de "intelectualmente desonesto". O líder do partido na Assembléia Legislativa, Roberto Felício, disse que ele sabe que o PT não participou do ato.

O governador acusou:

- A (responsabilidade é do) PT, da Força Sindical e do PDT do deputado Paulinho, que é inclusive uma pessoa com problemas de escândalo no Congresso. Isto foi claramente articulado, instrumentalizado com esta perspectiva político-eleitoral. Eu tenho certeza que a população não apóia.

Serra lembrou ainda o "dossiê dos aloprados", feito por petistas na eleição de 2006 para prejudicar sua campanha:

- Eleição tem disputa, mas a disputa tem que ser democrática e não na base de artifícios de factóides dessa natureza, como houve na eleição passada: o negócio do dossiê dos aloprados.

O governador disse que a manifestação envolvia apenas mil dos 35 mil policiais civis do estado:

- É claro que CUT, Força Sindical e partidos políticos estão fazendo uso político desse movimento.

No início da noite, Serra reafirmou que o PT estaria por trás do movimento.

- Na verdade, procurou-se politizar essa movimentação, tanto que tem um líder do PT botando fogo, tem vários deputados, em função do momento político-eleitoral.

"Não há guerra entre as polícias"

O governador afirmou que o conflito não representou uma guerra entre as duas polícias:

- Os comandos das Polícias Civil, Militar e Científica estão aqui, unidos.

Serra, que por mais de três horas deu entrevistas para tentar amenizar o impacto das imagens da violência, disse que o período pré-eleitoral pesa sobre o episódio:

- O momento político-eleitoral aparece como um motor dessas pessoas, que, na verdade são ativistas sindicais e militantes políticos diretamente. Reivindicação é uma coisa normal. O governo tem de lidar com tudo isso com responsabilidade, fizemos propostas que consideramos boas. É normal que os sindicatos queiram mais. O que não é normal é promover manifestações violentas, com armas que são entregues pelo povo à polícia para defender o povo do crime e não para apoiar reivindicações salariais e muito menos movimentos político-eleitorais.

Paulinho rebateu as críticas do governador:

- Um delegado de polícia ganha R$3,7 mil em São Paulo. E o tíquete-refeição é de R$4. Se falar em tíquete de R$4 é incitar, pode dizer que incitei - disse o deputado, que em 2006 apoiou a candidatura de Serra no segundo turno contra Marta.

Semana passada, Paulinho, que agora apóia Marta, dera um tom político à greve, em discurso na Avenida Paulista:

- Queria fazer uma proposta a vocês: estamos chegando às vésperas do segundo turno. O chefe de vocês, que é o José Serra, sabe que tem eleições. A coisa aqui é séria, e a greve de vocês está causando repercussão nacional.