Título: Investimentos ficam no papel
Autor: D"Ercole, Ronaldo; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 17/10/2008, Economia, p. 25

Piora da crise faz Suzano suspender produção de fábrica e Klabin paralisar novos projetos

Ronaldo D"Ercole e Lino Rodrigues

A crise financeira internacional já apresenta a conta à indústria brasileira de papel e celulose. Duas das maiores companhias do setor, a Suzano Papel e Celulose e a Klabin, anunciaram ontem medidas de ajustes ao ambiente de incertezas. Para fazer frente à redução da demanda no mercado asiático, especialmente na China, a Suzano anunciou que, no início de novembro, vai paralisar por uma semana a linha de produção de celulose de sua fábrica em Mucuri, no Sul da Bahia, o que significará menos 30 mil toneladas. Já a Klabin viu a alta de 20% do dólar frente ao real aumentar seu endividamento na moeda americana em R$447 milhões, com impacto direto no resultado do terceiro trimestre - um prejuízo de R$253 milhões. E anunciou que vai segurar investimentos.

A fábrica da Suzano na Bahia teve sua produção mais que duplicada em 2007 para atender à crescente demanda mundial por celulose. Seu segundo maior mercado é o asiático, só perdendo da Europa. Os EUA, por sua vez, são o maior comprador de papel da China. Com a recessão americana, os chineses cortaram as encomendas.

Klabin parou de tomar financiamento

Enquanto a crise persistir, o presidente da Klabin, Reinoldo Poernbacher, informou que a empresa irá restringir os investimentos "ao necessário para à manutenção das operações". A empresa programou investir R$800 milhões, mas fechará o ano com cerca de R$600 milhões. Para 2009, nenhum novo projeto sairá do papel até a crise se acalmar. O motivo do rigor com a chave do cofre são as restrições dos bancos para conceder crédito - valores e prazos menores e juro mais alto. Por isso, a Klabin parou de buscar financiamento para suas exportações, de US$500 milhões por ano.

- Não estamos tomando no mercado - explicou o diretor Financeiro da empresa, Sérgio Alfano.

A Klabin diz que ainda não registrou queda nas encomendas do exterior, nem no mercado interno, mas o quadro é de atenção.

- Ainda não dá para ver como vai se comportar esse mercado. Mas não estamos pesando em redução de produção no curto prazo em função da crise.