Título: Retração na indústria dos EUA derruba bolsas
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Fonte: O Globo, 17/10/2008, Economia, p. 29
Produção do setor tem maior queda em 34 anos, puxando para baixo mercados de Ásia e Europa. NY vira e fecha em alta
NOVA YORK, LONDRES e TÓQUIO. O temor de que os recém-anunciados pacotes de resgate americano e europeu não sejam suficientes para evitar uma recessão derrubaram ontem as bolsas na Ásia e na Europa. O motivo foi a maior queda da produção industrial americana em 34 anos. Em Nova York, porém, os mercados fecharam em alta, com os investidores aproveitando os preços baixos das ações para ir às compras. A maior queda foi a do índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio: 11,4%, o pior resultado desde outubro de 1987. Já o Dow Jones, de Nova York, depois de passar quase todo o dia em queda, fechou em alta de 4,68%. Nasdaq e S&P subiram 5,49% e 4,25%, respectivamente.
Em Londres, o índice FTSE caiu 5,35%. Em Paris, o CAC-40 teve queda de 5,92%, e o DAX, de Frankfurt, de 4,91%. Os papéis mais afetados foram os de petrolíferas e bancos. Por causa da queda nos preços do petróleo, as ações da Royal Dutch Shell caíram 7%, e as da Total, mais de 9%. Entre os bancos, recuaram HSBC (4%), Santander (6,5%) e BNP Paribas (7%).
Lucro trimestral da Google sobe 26%, para US$1,35 bi
Em Seul, a bolsa caiu 9,4%, puxada por papéis de instituições financeiras. Em Hong Kong, a queda foi de 4,8% e, em Xangai, de 4,3%. Cingapura e Jacarta caíram 5,8% and 3,8%. A Austrália, cuja economia depende fortemente da exportação de commodities ¿ cuja demanda cairá com a desaceleração global ¿, recuou 6,7%. As mineradoras BHP Billiton e Rio Tinto perderam 13,1% e 15,9%, respectivamente. O índice Sensex, da Índia, teve queda de 7%, enquanto Taiwan caiu 3,3%.
Nova York abrira em baixa, mas os investidores reagiram no fim do pregão, depois que os índices chegaram perto das mínimas registradas semana passada. Para muitos analistas, isso representaria o piso da especulação nos mercados, o chamado bear market.
Depois do fechamento dos negócios, a Google anunciou alta de 26% nos resultados do terceiro trimestre, para US$1,35 bilhão. O lucro por ação ficou acima das estimativas de analistas.
`EUA estão em recessão¿, diz analista americano
O governo americano informou ontem que a produção industrial caiu 2,8% em setembro, a maior queda desde dezembro de 1974, devido aos furacões que atingiram o Golfo do México no período. Em agosto, o indicador havia recuado 1%. No terceiro trimestre, a queda foi de 6%, a maior desde 1991. O congelamento dos mercados de crédito e a alta dos custos dos empréstimos forçarão consumidores e empresas a reduzirem ainda mais as compras de bens duráveis.
¿ A produção industrial está em queda livre ¿ afirmou Ellen Zentner, economista sênior do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ. ¿ Os EUA estão em recessão, e outros países industrializados, à beira de uma. Revisamos para baixo nossas estimativas para as exportações. (Com Bloomberg News e agências internacionais)
oglobo.com.br/miriam