Título: Bolsas caem apesar de corte geral de taxas
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Fonte: O Globo, 09/10/2008, Economia, p. 23

Temor de recessão ofusca ação de BCs. Dow Jones cai 2% e, na Europa, quedas passam de 7% NOVA YORK. O corte em meio ponto percentual das taxas de juros por vários bancos centrais ontem não impediu que as principais bolsas do mundo voltassem a fechar em queda. Em Wall Street, os papéis perderam valor pelo sexto dia seguido, depois que a ação conjunta dos BCs não conseguiu superar os temores de uma recessão global iminente. O Dow Jones e o S&P 500 tiveram a maior perda em pontos em seis dias seguidos de pregão, durante uma jornada de muita oscilação e sem uma tendência clara até os últimos minutos de negociação.

O Dow Jones perdeu 2%, para 9.258,01 pontos, ao passo que o S&P 500 recuou 1,13%, para 984,94. Já o Nasdaq caiu 0,83% para 1.740,33 pontos. Também pesou sobre o Dow a queda de 12% das ações da Alcoa, depois que a companhia anunciou lucro trimestral abaixo do previsto, afetada pela queda da demanda devido à crise. Durante a sessão, o Dow variou 433,29 pontos desde a mínima do dia, a 9.194,78 pontos, até seu pico diário, de 9.628,07 pontos.

O fim da sessão foi influenciado pelas declarações do secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, de que a crise ainda vai perdurar e haverá novas vítimas entre as instituições financeiras do país, apesar do pacote de US$700 bilhões aprovado na semana passada. Segundo Paulson, o Tesouro ainda vai demorar algumas semanas antes de começar a comprar os papéis podres que estão no mercado.

Bolsa de Xangai cai 3,04%, à espera de novas medidas

- Isso mostra a falta de confiança no efeito do corte de juros esta manhã (ontem). As pessoas passaram o dia inteiro tentando digerir o quão efetiva seria a medida e, no fim do dia, eles decidiram que seria melhor vender (suas ações) - disse Giri Cherukuri, operador-chefe da corretora OakBrook Investments.

A ação dos bancos centrais também não animou os investidores europeus. As bolsas do continente tiveram mais um dia de fortes perdas. O índice FTSE 100, de Londres, caiu 5,18%, ao passo que o DAX, de Frankfurt, perdeu 5,88%. A Bolsa de Paris registrou queda de 6,39% em seu índice CAC-40. Também recuaram as bolsas de Zurique (5,51%), Milão (5,71%), Bruxelas (7,36%), Lisboa (3,5%) e Amsterdã (7,68%).

Na Ásia, o índice Nikkei, da bolsa de Tóquio, teve ontem a maior queda em um único dia desde outubro de 1987. O índice recuou 9,38%. As demais bolsas asiáticas também tiveram queda significativa. O medo e o cenário de desaceleração da economia mundial derrubaram as bolsas. O índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 8,17%, enquanto a bolsa de Xangai teve queda de 3,04%, à espera de novas medidas do governo chinês, cujo banco central participou da ação coordenada de redução das taxas de juros. Na Austrália, o índice ASX 100, recuou 4,98%.

Preço do petróleo recua 1,23%, para US$88,95

Já o preço do petróleo fechou em queda mais uma vez ontem. A cotação do leve americano caiu 1,23%, para US$88,95 o barril, na Bolsa de Nova York. Já o preço do petróleo do tipo Brent recuou caiu 0,35%, para US$84,36 o barril. O pregão em Nova York foi muito volátil, com os preços do combustível aumentando ou limitando suas perdas de acordo com os altos e baixos de Wall Street. A queda diminuiu perto do fechamento, quando a bolsa americana diminuiu as perdas. Os preços foram influenciados também pelo relatório semanal do Departamento de Energia dos EUA, que anunciou altas maiores que o esperado dos estoques do petróleo.