Título: PT apóia Paes, mas sem Lula, Molon e Lindberg
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 09/10/2008, O País, p. 5

Peemedebista admite que, se for eleito, poderá dar cargos a petistas, que falam em derrotar "tucano verde"

Maiá Menezes

O apoio formal do PT ao candidato do PMDB a prefeito, Eduardo Paes, selado ontem, foi insuficiente para garantir a adesão de estrelas petistas à campanha. O candidato petista derrotado no primeiro turno, Alessandro Molon, não foi ao ato, na sede regional do PT, e não deverá participar da campanha. O prefeito reeleito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, cujo grupo no partido fechou com o PMDB, também não compareceu.

O presidente Lula, que tem mágoas de Paes por ter sido chamado por ele de "chefe da quadrilha" no escândalo do mensalão, vai, no máximo, gravar participação no horário eleitoral, frustrando a expectativa dos petistas de que subisse no palanque. Anteontem, longe da imprensa, Lula se encontrou no Rio com Paes, que integrou a CPI dos Correios e foi um duro crítico do governo Lula.

Sem Lula, o PT do Rio vai convidar os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Fernando Haddad (Educação), Edson Santos (Igualdade Racial) e Carlos Minc (Meio Ambiente) para a campanha de Eduardo Paes.

Em um recado ao candidato do PV, Fernando Gabeira, que tenta atrair nomes de partidos de esquerda (o alvo agora é Lindberg ), Paes reafirmou a estratégia de atrair partidos:

- Não fazemos a construção para que o Rio saia do isolamento com indivíduos e celebridades. Vamos fazer a construção com aqueles que, na vida política, representam a sociedade, com seus defeitos, seus problemas, suas diferenças.

Paes negou que tenha oferecido cargos ao PT, mas admitiu que isso ainda pode ocorrer:

- Não houve qualquer tipo de discussão sobre entrega de cargos e secretarias. Não admitiria. Meu critério para a distribuição de cargos é privilegiar os servidores. Mas, se houver interesse da minha parte para compor um governo e tê-lo fortalecido, não há problema nenhum em se dispor de quadros técnicos e políticos desses partidos.

O presidente estadual do PT, Alberto Cantalice, atacou Gabeira. Com a adesão do PT, a campanha de Paes vai tentar apontar o que os petistas classificam de incoerência de Gabeira, acusando-o de ter deixado o PT quando a "onda petista" estava em baixa. Os petistas querem nacionalizar a campanha.

- O que simboliza essa aliança é o fato de que no Brasil existem dois blocos. O liderado pelo presidente Lula e o liderado pelo demo-tucanato. Estamos apoiando Paes contra esse tucano verde - disse Cantalice.

COLABORARAM Gabriel Mascarenhas e Flávio Tabak

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