Título: Bush dá sinal que seguirá a política do cowboy
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 10/10/2008, Economia, p. 29

Mas FMI pede ação coordenada do G-7.

WASHINGTON. Há uma grande expectativa em relação à reunião do G-7 (formado pelos países mais ricos do muno), que será realizada na tarde de hoje, na capital americana, e em relação ao debate de amanhã entre o governo dos EUA e o G-20, que inclui os emergentes e atualmente é presidido pelo Brasil. O motivo é que, embora haja uma disposição da maioria em buscar uma solução conjunta e coordenada para a atual crise financeira, o governo dos EUA vem dando sinais de preferir seguir a chamada "política cowboy" do presidente George W. Bush.

O clima de apreensão foi motivado por declarações do secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, de que já tem em mãos as ferramentas necessárias para enfrentar a crise. E que, portanto, não haveria necessidade de coordenar iniciativas com outros países.

- Nós já adotamos várias ações extraordinariamente ousadas no front da liquidez, e estou convencido de que esses foram passos de uma política correta - disse.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, tornou clara a opinião do organismo de que só mesmo uma ação conjunta - de países ricos e emergentes - fará com que os mercados financeiros de todo o mundo voltem à normalidade.

- Não existe solução doméstica para uma crise como essa. A cooperação e a coordenação nas ações são o preço do sucesso. Todos os gestos solitários devem ser evitados, se não condenados, e essa é a mensagem número um do FMI - disse ele em entrevista coletiva ontem.

Strauss-Kahn insistiu que será preciso promover uma ampla reforma do sistema financeiro global. Uma das medidas seria a de examinar melhor os critérios de avaliação de ativos e revisar o comportamento das agências de avaliação de riscos. Para Paulson o suficiente seria "ter paciência e reconhecer que levará semanas" para a implementação do pacote de socorro.

Fred Bergsten, diretor do Peterson Institute for International Economics, disse que há grande risco de não se fazer nada para restaurar a confiança no mercado:

- Se esses caras (referindo-se aos ministros de Finanças do G-7) vêm aqui e não fazem nada significativo, será um baque na confiança.

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, engrossou o coro dizendo esperar que o G-7 "aponte na direção de ações coordenadas"(J. M. P.)