Título: Casa Branca admite estatizar bancos nos EUA
Autor:
Fonte: O Globo, 10/10/2008, Economia, p. 31

Tesouro ficaria com ações em troca de injeções de capital. Mas não teria interferência em decisões internas.

WASHINGTON. A Casa Branca admitiu ontem que o Tesouro americano está considerando comprar fatias controladoras de bancos para restaurar a confiança no sistema financeiro. Esta possibilidade está prevista no pacote se socorro aprovado pelo Congresso semana passada, mas ainda não se sabia se ela seria posta em prática. Na quarta-feira, o "New York Times", citando fontes, informara que a opção estava de fato em estudo.

A porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, não deu detalhes de como a aquisição de participações seria feita. Limitou-se a dizer que seriam realizadas injeções de capital nos bancos, em troca de um percentual de ações para o governo federal. Ressaltou, porém, que isso não significaria que o Estado assumiria o controle do banco.

- O secretário Paulson (Henry Paulson, do Tesouro) está olhando para todos os instrumentos para avaliar quais serão usados, quando e como. E quanto dinheiro será colocado em cada um desses instrumentos - disse Perino.

Fontes ligadas a Paulson disseram à agência Reuters que as injeções de capital seriam iniciadas no fim de outubro. O Tesouro compraria ações preferenciais ou ordinárias dos bancos que forem capitalizados. Mas não haveria intenção por parte do governo de ter assentos no Conselho de Administração desses bancos ou de interferir nas decisões. Além disso, as injeções seriam voluntárias, isto é, caberia aos bancos a iniciativa de pedir o socorro. Algo semelhante ao pacote britânico anunciado na última quarta-feira. O objetivo seria elevar a capacidade de concessão de crédito dessas instituições.

BCE abre linha de crédito ilimitado para bancos

Também ontem o Banco Central Europeu (BCE) abriu uma linha de crédito ilimitado de emergência para instituições em dificuldades dos 15 países da zona do euro. Com vencimento de seis dias, esses empréstimos poderão ser concedidos até janeiro. A decisão é inédita. No mesmo dia, o BCE voltou a injetar capital no mercado. Desta vez, cerca de US$100 bilhões.

E um dia após dez BCs anunciarem cortes em suas taxas básicas de juros, os bancos centrais de Coréia, Taiwan e Hong Kong adotaram a medida. O BC da Coréia reduziu a taxa para 5%. Taiwan baixou os juros para 3,25%, o segundo corte em menos de um mês. E o BC de Hong Kong anunciou corte de 0,5 ponto percentual, para 2%. Na véspera, havia já reduzido os juros em um ponto percentual.