Título: México perde por vínculo com EUA
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Fonte: O Globo, 18/10/2008, Economia, p. 40
Recessão no vizinho atinge exportações e expansão da economia mexicana.
CIDADE DO MÉXICO. Finalmente, a crise global chegou ao México. Apesar dos discursos do presidente Felipe Calderón e do secretário de Fazenda, Agustín Carstens, o impacto foi maior que o esperado, principalmente no câmbio, e analistas mantêm seu ceticismo sobre a blindagem da economia mexicana.
Isso porque o país tem uma estreita vinculação econômica com os Estados Unidos, não apenas no intercâmbio de mercadorias como no fluxo de trabalhadores para aquele país - segunda fonte das remessas para o México.
Como resultado da crise, desde agosto o peso se desvalorizou 27%, enquanto a Bolsa Mexicana de Valores perdeu 16% no período e 31% em relação a sua máxima, em abril. Também houve fuga de investidores estrangeiros, que trocaram papéis mexicanos por títulos mais seguros, como os do Tesouro americano, devido à percepção de que países emergentes apresentam maior risco.
Uma recessão nos EUA será um grave problema para o México, pois 80% de suas exportações vão para o mercado americano. O crescimento das vendas para os EUA recuou de 24% em abril para 5% em agosto. Já as remessas de trabalhadores caíram 12% em agosto frente ao mesmo mês de 2007.
Para analistas, uma recessão prolongada nos EUA levaria o México a crescer menos de 2% este ano, afetando as perspectivas para 2009. O próprio governo reduziu, recentemente, sua estimativa de expansão em 2008 de 2,4% para 2%. Para 2009, a projeção caiu de 3% para 1,8%.
E a menor demanda por petróleo fez o governo reduzir a projeção do preço médio do barril para 2009 de US$80,3 para US$75, o que implicará menor receita com exportação.