Título: Lula decidirá medidas com bancos federais
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 20/10/2008, Economia, p. 13

Presidente se reúne hoje com Mantega, Meirelles e representantes de BNDES, BB e Caixa.

SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP) e SANTIAGO (Chile). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil precisa evitar o pânico diante da crise. Em comício de campanha do ex-ministro Luiz Marinho (PT), candidato à prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), Lula reafirmou que não haverá pacote econômico, mas anunciou que vai se reunir hoje com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e com dirigentes de BNDES, Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal para decidir novas medidas contra a crise. Os encontros serão em São Paulo, no BB, onde Lula passará o dia.

Segundo Lula, o BB continuará a comprar carteiras de crédito de bancos pequenos com problemas de liquidez. O presidente também acompanhará de perto o primeiro leilão de recursos de reservas internacionais que o BC fará para reativar linhas de financiamento a exportação.

- Amanhã (hoje) tem uma reunião com o ministro da Fazenda, Banco Central, BNDES, Caixa Econômica e Banco do Brasil para a gente tomar outras posições - disse Lula. - Decidimos pegar um pouco das nossas reservas e depositar no BB no exterior para garantir as exportações brasileiras. Já estamos orientando os bancos, como o BB, a comprar a carteira dos bancos menores.

Segundo Lula, toda vez em que se anunciou um pacote o povo é quem ficou com o prejuízo:

- Dor de barriga? É remédio para dor de barriga. Calo no pé? É remédio para calo no pé. Disenteria? É remédio para combater hepatite. Nunca vamos apresentar uma cesta, porque não dá certo.

Meirelles: recursos liberados pelo BC estão funcionando

Lula contou que nunca conversou tanto com Mantega, Meirelles, economistas e empresários, e que o governo acompanha a crise "com lupa".

- Obviamente não posso fingir que não há uma crise. Por isso, vamos continuar fomentando nosso mercado interno, continuando as obras do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). No Brasil, precisamos ser responsáveis. Ninguém precisa se endividar mais do que pode. Mas continuem comprando o que vocês precisam.

Os presidentes dos bancos centrais das maiores economias da América Latina, reunidos ontem em Santiago, divulgaram comunicado afirmando que seus países estão "em melhores condições para enfrentar a turbulência, graças a seus sólidos fundamentos econômicos". E Meirelles descartou uma ação coordenada como a européia, segundo a Agência Brasil:

- A ação conjunta das economias mais ricas teve uma finalidade específica, que foi a liquidez em dólar.

Para ele, os recursos liberados pelo BC no Brasil para aumentar a liquidez estão funcionando e não há dificuldade na concessão de crédito. A reunião seria sigilosa, mas um comunicado do BC do Brasil alertou a imprensa, informou a Agência Brasil.