Título: Ex-mulher de Pitta teria oferecido a Suplicy acusações contra Kassab
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 21/10/2008, O País, p. 8

Ao lado de Marta, senador diz que recusou material de Nicéia.

SÃO PAULO. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse ontem que foi procurado pela ex-primeira-dama de São Paulo Nicéia Camargo, que ofereceu suposta munição contra o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Suplicy disse que foi procurado por Nicéia na manhã de domingo, por telefone. A ex-mulher de Celso Pitta teria uma gravação contra Kassab, que foi secretário de Planejamento na gestão do ex-marido dela (1997-2000). Suplicy, no entanto, disse que se recusou a ouvir o que a ex-mulher de Pitta teria a dizer contra Kassab. A relação entre Kassab e Pitta é exaustivamente explorada pela candidata do PT à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, na campanha eleitoral.

- Falei para a Nicéia, com todo o respeito, que sentia muito, mas não é o caso de levar esse tipo de coisa para a campanha da Marta agora. Disse que sou favorável a que a campanha mostre os aspectos positivos da administração dela, e que a exploração de aspectos negativos não seria produtiva - disse Suplicy, que ontem acompanhou a petista Marta Suplicy em ato de campanha no bairro de Campo Limpo.

Há algumas semanas Nicéia tem procurado jornalistas para reclamar de dificuldades financeiras. Suplicy negou que ela tenha pedido dinheiro pela gravação.

- Penso que foi um sentimento dela como cidadã. Nicéia não pediu nada - disse.

O senador afirmou também que não procurou saber o teor das supostas denúncias em poder de Nicéia.

- Ela estava com muita vontade de dizer, mas, quando começou, eu expliquei que não era o caso - afirmou.

Em caminhada pelas ruas de Campo Limpo, Marta também negou que vá explorar Nicéia em sua campanha. Perguntada se a ex-primeira-dama havia gravado uma participação em seu programa de TV, como chegou a ser noticiado, Marta limitou-se a responder:

- Isso não é verdade.

Marta repete que Kassab esconde sua vida

A troca pesada de acusações entre ela e Kassab durante o debate da TV Record continuou repercutindo ontem. Para Marta, a tentativa de Kassab de vinculá-la ao mensalão é um tiro n"água.

- Nunca tive nada a ver, e todo mundo sabe. Usar isso para tentar me contaminar é jogar uma pedra na água - disse ela.

A petista voltou a lançar dúvidas sobre o passado de Kassab e disse que o prefeito esconde sua vida:

- É uma pessoa que se esconde, que se escondeu este tempo todo. Se escondeu por quê? Porque não quer mostrar a pessoa política que é.

A prefeita comparou a gestão Pitta, da qual Kassab fez parte, com uma praga:

- Quem deu vida a esta cidade depois do grupo de gafanhotos do qual ele fazia parte foi a minha gestão.

Depois de comparar o segundo turno da eleição ao clássico entre São Paulo e Palmeiras - no qual os tricolores venciam por 2 a 0 até 33 minutos do segundo tempo e acabaram sofrendo um empate - a ex-ministra do Turismo tropeçou ao não conseguir explicar seu projeto de isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS).

- O que está sendo proposto é para os profissionais liberais e para as categorias que o Kassab fez, como taxista, músico, autônomos, marceneiros. Nós fizemos os cálculos, propusemos, vamos fazer.

Indagada sobre o valor da renúncia fiscal, Marta tentou sair pela tangente:

- Dá (um valor) o que a cidade de São Paulo comporta. Dava para ele ter feito há muito tempo.

Diante da insistência do repórter, ela finalmente admitiu:

- Tenho de cabeça (o número), mas tenho medo de me equivocar.