Título: Chico Buarque grava para Rosário
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 21/10/2008, O País, p. 8

Mas PT de Porto Alegre enfrenta dificuldades e já se volta para Canoas.

BRASÍLIA. O PT gaúcho, que conquistou um "cinturão de poder" em volta de Porto Alegre, enfrenta sérias dificuldades na disputa pela prefeitura da capital. Com a última pesquisa Datafolha indicando que a candidata Maria do Rosário (PT) está com 43% dos votos válidos, contra 57% do candidato à reeleição, José Fogaça (PMDB), o partido começa a apostar todas as suas fichas na disputa em Canoas, na Região Metropolitana, com o candidato Jairo Jorge.

Na campanha de Rosário, que fez ontem seu comício de encerramento novamente com a presença da ministra Dilma Rousseff, a grande estrela do momento é o cantor e compositor Chico Buarque. Desde domingo, a propaganda da petista exibe um depoimento de Chico: "Neste ano, não me envolvi em campanha nenhuma. Porto Alegre, para nós, é outra coisa. Gostaria de estar em Porto Alegre, de ser porto-alegrense esta semana para votar em Maria do Rosário", disse Chico. O site da campanha petista tem explorado esse apoio. Além do comício de ontem, a campanha aposta ainda nos dois debates de TV que restam para tentar reverter o quadro.

PT venceu em 60 cidades gaúchas no primeiro turno

No primeiro turno, o PT venceu em 60 cidades do Rio Grande do Sul (17 a mais do que as 43 conquistadas em 2004), inclusive em vários municípios na Grande Porto Alegre, e ainda está como vice em outras 70, segundo o presidente regional do partido, o ex-ministro Olívio Dutra. Além de Canoas, o PT ainda disputa com chances em Pelotas.

Mas, na capital gaúcha, a candidatura de Maria do Rosário não conseguiu agrupar o apoio de todos os partidos de esquerda que tiveram candidatos. O PCdoB manifestou apoio, mas a candidata Manuela D"Ávila, que ficou com 15% dos votos, ficou afastada da campanha. A candidata do PSOL, Luciana Genro, que teve 9% dos votos, avisou que não apoiaria ninguém. Dos partidos que apoiaram Manuela, o PSB ficou neutro e o PPS aderiu a Fogaça, partido que o elegeu em 2004.

- O campo socialista se fragmentou muito em Porto Alegre e está se pagando um preço por isso. A soma dessas forças (no primeiro turno) não foi desprezível, mas somos uma força de oposição ao governo que teve que disputar a eleição com o campo popular muito dividido. Reunir isso depois é mais fácil para os conservadores - resumiu o deputado estadual Raul Pont (PT), ex-prefeito de Porto Alegre, que perdeu para Fogaça em 2004.

Mas Pont repudia a idéia de derrota do PT no estado, em caso de vitória de Fogaça:

- Derrota seria se perdêssemos um governo que detivéssemos. Mas não estamos no governo. E o partido que mais cresceu foi o nosso.

A mesma opinião tem o dirigente regional Olívio Dutra, para quem o importante é consolidar o projeto do partido:

- Estamos disputando para ganhar. Queremos as duas coisas ao mesmo tempo: vitória eleitoral e vitória política.