Título: Kassab endossa críticas de Serra a grevistas
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 21/10/2008, O País, p. 8

Candidato diz que governador foi correto ao suspeitar de influência política na greve dos policiais paulistas.

SÃO PAULO. O prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição em São Paulo, defendeu ontem o governador José Serra (PSDB) das críticas que sofreu por ter acusado o PT, a CUT e a Força Sindical de estarem entre os responsáveis pelo conflito das polícias Civil e Militar na última quinta-feira, nas imediações do Palácio dos Bandeirantes. Para Kassab, Serra foi correto ao denunciar influência política no movimento grevista dos policiais às vésperas do segundo turno da campanha.

- O governador não foi imprudente, até porque ele fez uma constatação. O deputado Paulo Pereira da Silva (presidente da Força Sindical), uma semana antes, já incitava para o movimento dos policiais. No dia do tumulto, ele estava presente, assim como o deputado (estadual) Roberto Felício (PT). E nós tivemos uma manifestação com pessoas armadas na frente do palácio - disse Kassab, acrescentando não acreditar que sua adversária, Marta Suplicy (PT), "tire proveito" da situação.

As declarações de Serra na semana passada provocaram reação imediata do PT, inclusive do presidente Lula, que, em comício de Marta em São Paulo, no sábado, disse que o governador cometeu "uma heresia" ao afirmar que o confronto teve a participação do PT. Para Lula, Serra deveria pedir desculpas ao PT.

"Ela não se afastou da turma do mensalão"

A passeata na última quinta-feira transformou os acessos ao Palácio Bandeirantes numa praça de guerra. Soldados da PM entraram em confronto com cerca de dois mil policiais civis em greve, que queriam ser recebidos por Serra. Foram disparadas balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, deixando 23 feridos.

Kassab explicou ontem que, no debate, só perguntou à sua adversária, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), se ela tinha se afastado da "turma do mensalão" porque ela insistira em ligar seu nome ao do também ex-prefeito Celso Pitta (PTB), que terminou o mandato com uma série de acusações de corrupção e de quem foi secretário de Planejamento.

- Ela tem lembrado insistentemente que eu participei do governo Pitta. Participei, votei no Pitta, como mais de quatro milhões de eleitores. E depois me afastei. No debate, apenas consultei se ela tinha se afastado da turma do mensalão. E é evidente que não. Todos sabem - ironizou Kassab ontem, depois de vistoriar as obras do Expresso Tiradentes, o antigo Fura-Fila, cujas obras tiveram início na administração de Pitta.

Prefeito volta a falar da criação de taxas pela petista

Ainda comentando o debate de domingo, Kassab disse que voltou a insistir nas críticas às taxas criadas por Marta porque esta é "uma vulnerabilidade muito grande" da petista.

- É uma vulnerabilidade muito grande da ex-prefeita quando foi prefeita de São Paulo. Todos sabem. Portanto, é importante, sim, debater a questão para que ela possa aprofundar um pouco sua visão em relação a um eventual futuro governo - disse Kassab.

Aparentando bom humor e procurando evitar o clima de já-ganhou, já que é líder na disputa do segundo turno com uma diferença de 16 pontos percentuais sobre sua adversária, segundo o Datafolha, Kassab disse ser "pé-quente".

- Eu estou feliz. A avaliação do governo, o São Paulo empatou com o Palmeiras, o (Felipe) Massa pode ganhar o campeonato (Mundial de Fórmula 1)... Eu sou pé-quente - disse, depois de lançar, à tarde, editais de licitação para construção da Praça das Artes e do anexo da Biblioteca Mário de Andrade, no Centro da cidade.

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