Título: Presidente do BC dos EUA e Casa Branca já falam em novo pacote
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Fonte: O Globo, 21/10/2008, Economia, p. 25
Medida é defendida por democratas. Plano exigiria sessão extraordinária do Congresso após eleições.
WASHINGTON. Cresce a pressão por um novo pacote de estímulo à economia dos Estados Unidos, preferencialmente em um formato que coloque mais dinheiro nos bolsos dos consumidores. Ontem, a Casa Branca disse que o presidente George W. Bush estava aberto a uma medida do gênero, e o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, avisou que a desaceleração pode continuar se não houver um estímulo extra.
- Com a provável fraqueza da economia por diversos trimestres, e com alguns riscos de uma desaceleração prolongada, considerar um pacote fiscal no Congresso nesta conjuntura parece apropriado - afirmou Bernanke na Comissão de Orçamento da Câmara.
Ele ressaltou, porém, que qualquer medida de estímulo deve ser bem direcionada, concentrando-se em "ajudar a melhorar o acesso ao crédito para consumidores, mutuários, empresários e outros credores". E acrescentou:
- Qualquer programa deve ser planejado, na medida do possível, para limitar os efeitos a longo prazo no déficit orçamentário do governo federal.
Para economistas, plano teria de ser de US$300 bi
A economia americana vem sendo sacudida por crises nos setores imobiliário, de crédito e financeiro. Com uma recessão sendo vista como inevitável - ou até já em andamento -, o foco de Washington mudou para a questão de quão longa ela será e como minimizar seus efeitos. Já se fala em convocar uma sessão especial do Congresso logo após as eleições, em 4 de novembro, para discutir estratégias para a economia.
- Estamos conversando com membros do Congresso, e estamos abertos a idéias que eles apresentem para estimular a economia e ajudar-nos a sair dessa desaceleração mais rápido - afirmou ontem a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, por volta de meio-dia, pouco depois de Bernanke ter apoiado a idéia de uma nova e significativa ação do governo.
Algumas horas depois, Bush manifestou seu apoio às declarações de Dana, e acrescentou, em um tom mais otimista:
- Tenho ouvido dizer que as atitudes das pessoas estão começando a mudar, de um período de intensa preocupação, quase de pânico, eu diria, e estão ficando mais relaxadas - disse ele em encontro com empresários.
O Partido Democrata estuda um pacote de estímulo voltado para gastos de infra-estrutura, ajuda aos estados, tíquetes-alimentação e seguro-desemprego. Até o momento, porém, a Casa Branca não tem sido receptiva às propostas democratas.
Se as lideranças do Congresso e Bush quiserem lançar um pacote, terá de haver sessões especiais depois das eleições. Se não houver acordo, a tarefa ficará para o próximo Congresso e o próximo presidente.
A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e seus companheiros democratas defendem apresentar um pacote fiscal cujo custo é estimado em US$150 bilhões. Mas alguns economistas avisaram, recentemente, que, para ter impacto significativo, o montante teria de ser de US$300 bilhões.
Paulson pede que bancos retomem empréstimos
Bernanke também deixou aberta a possibilidade de outro corte na taxa básica de juros pelo Fed, hoje em 1,5% ao ano. O BC americano vai se reunir na próxima semana, nos dias 28 e 29, e muitas economistas acreditam que haverá outra redução, com o intuito de estimular a economia. O acesso ao crédito continua congelado.
O secretário do Tesouro, Henry Paulson, voltou a fazer ontem um apelo para que os bancos retomem a concessão de empréstimos. Ele convocou as instituições financeiras que aderirem ao programa de compra de ações do Tesouro, em troca de participação acionária, que liberem capital, em vez de acumulá-lo.