Título: Dólar avança mesmo com leilão do BC
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 21/10/2008, Economia, p. 26

BC vende US$1,6 bi com compromisso de uso no crédito à exportação.

BRASÍLIA e RIO. Apesar da forte recuperação da Bolsa, o dólar teve mais um dia de alta, que só não foi maior devido às intervenções do Banco Central (BC). Depois de chega a R$2,137 à tarde, a moeda americana encerrou o dia cotada a R$2,125, subindo 0,24%, com a pressão do mercado futuro. No início da tarde, a autoridade monetária vendeu US$789 milhões em swaps cambiais, contratos em que oferece a variação do dólar e recebe juros em troca.

Com a resistência da moeda americana, o BC vendeu mais US$250 milhões à vista - das reservas cambiais do país -, pouco antes das 16h. Das 16h às 17h, a instituição fez, pela primeira vez, um leilão de dólar com a exigência de que os recursos sejam emprestados a exportadores. Desde que o BC voltou a vender a moeda, há duas semanas, as reservas já diminuíram US$5,945 bilhões, sendo US$1,499 bilhão só na sexta-feira, quando as reservas estavam em US$202,441 bilhões.

Dos US$2 bilhões ofertados pelo BC no leilão voltado a financiar os exportadores, foi vendido US$1,620 bilhão, 81% do total. Segundo operadores, havia demanda até para mais, mas a autoridade monetária considerou que parte das taxas oferecidas estava muito baixa.

Mercado precisa de US$2,5 bi em ACCs, para governo

Segundo comunicado do BC, foram aceitas quatro propostas e a taxa de corte foi determinada pela Libor do dia 17 passado - de 4,13% ao ano - mais 0,11%. O BC fixou em dez dias úteis o prazo para que os bancos repassem para os exportadores. Os bancos que não repassarem os dólares adquiridos no leilão - e seus dirigentes - estarão sujeitos a advertências, multas ou até a perda da habilitação para funcionar ou atuar no mercado. Além disso, o BC tomará de volta o valor adquirido para repassá-lo novamente.

Para o gerente de câmbio do Banco Prosper, Jorge Knauer, uma dificuldade deste tipo de operação são as exigências: de que as instituições compradoras tenham lastro em títulos do governo americano ou de outros países com de nota "A".

- Quem tem esses títulos provavelmente já tem linha de crédito também. Pode vender esses papéis e fazer dinheiro - disse Knauer.

As contas do governo indicam que há necessidade de cerca de US$2,5 bilhões em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) até o fim do ano, para dar um alívio na falta de recursos para o setor exportador. Essa linha, até o dia 10, representava 18% das exportações totais do país, cerca de um terço a menos do que era visto em meados do ano.

oglobo.com.br/economia/miriam